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Capital

Família precisa acionar a Justiça para levar paciente ao Hospital do Câncer

Viviane Oliveira | 30/11/2014 16:55
O paciente na foto, quando ainda estava forte. (Foto: arquivo da família)
O paciente na foto, quando ainda estava forte. (Foto: arquivo da família)

Depois de várias semanas tentando por vias normais, a família de Severino Barbosa Camelo, 87 anos, teve que entrar na Justiça para conseguir transferência do paciente em fase terminal para o Hospital do Câncer, em Campo Grande.

A neta, Alexsandra Oliveira, 37 anos, relata que desde o ano passado, quando o avô ficou doente, a família vem peregrinando nos postos de saúde e em até hospitais para saber o diagnóstico e assim providenciar o tratamento correto. Resultado, quando descobriram, o paciente já estava com metástase, disseminação do câncer para outros órgãos.

Em maio deste ano, Severino foi levado para a Santa Casa com dores muito fortes na barriga, foi quando o hospital o internou e no dia 29 fez uma cirurgia, segundo a equipe médica, para retirada de uma úlcera. O médico não quis dar detalhe para a família sobre a cirurgia, apenas disse que o caso era complicado para explicar e sabia o que estava fazendo.

Depois, relata Alexsandra, o avô que tinha um caroço na próstata e na bexiga começou a definhar a cada dia. "Virou rotina, meu avô ia para o hospital, eles medicavam e o mandavam para casa. Quando acabava o efeito do remédio ele gritava de dor”, diz, acrescentando que ele urinava sangue e tudo que comia vomitava.

Depois de "tanto descaso por parte do hospital", diz, e sem saber o diagnóstico exato, a família o levou em um médico urologista particular e só conseguiu saber o que o paciente tinha depois de pagar um exame no valor de R$ 400,00. Severino foi diagnosticado com câncer na bexiga. “Foi uma sentença de morte. O médico disse que o câncer já havia se espalhado para o fígado, ossos, rins e que ele ainda estava com água no pulmão”, lembra a neta.

O médico disse ainda que o quadro do paciente era muito grave e se há 6 meses o diagnóstico tivesse sido feito, seria possível tratá-lo. “Ele disse que a única coisa possível agora era assisti-lo em um hospital, porque as dores que ele sente são fortes”. Sob orientação do especialista, a família voltou para a Santa Casa, foi quando recebeu a notícia de que o hospital não poderia receber mais o paciente, pois ele havia recebido consulta particular e a responsabilidade não era mais da unidade.

A família resolveu então registrar Boletim de Ocorrência e só então o paciente voltou a ser internado. “Eles colocaram meu avô em uma sala que se chama área verde do Pronto Socorro e depois de três dias deram alta, mesmo com o ele gritando de dor, urinando sangue e com vômito”, relata. O hospital dizia que só poderia internar o idoso depois que o exame de biopsia ficasse pronto.

Nessas idas e vindas ao hospital, Alexsandra descobriu que o avô havia feito o exame há tempos e garante que descobriu, depois de investigar por conta própria, que a Santa Casa havia extraviado o teste. Pois a neta não desistiu e pagou para que o exame fosse feito novamente. Com o resultado em mãos, ela o entregou para a assistência social da unidade solicitando um vaga no Hospital do Câncer, porque no local o idoso não poderia ficar por falta de especialista.

Nesse meio tempo, Alexsandra se recusou a tirar Severino da unidade. “Meu avô estava sofrendo demais. Ele ia para casa e chorava de dor”, lamenta. Depois de tanta luta sem solução, a neta procurou o MPF (Ministério Público Federal) e lá foi orientada a procurar a defensoria pública. O caso foi parar na mesa da juíza de plantão que indeferiu o pedido de transferência.

Sem desistir, novamente Alexsandra entrou com pedido e conseguiu o deferimento para que fosse feita a internação imediata no Hospital do Câncer ou em uma unidade que tivesse especialista.

A vaga a família conseguiu, mas o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) informou que não poderia fazer o transporte devido a um novo regulamento.

Depois de muita briga e persistência, a Santa Casa, que está sem ambulância há 4 anos, contratou uma veículo particular, equipado, para cumprir a ordem judicial.

“Depois de tudo isso, finalmente conseguimos que meu avô fosse para o Hospital do Câncer. A transferência foi somente às 10h de hoje. O pior é que para conseguir o que é nosso por direito, a gente teve que passar por tudo isso”, lamenta Alexsandra.

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