ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 21º

Capital

Família precisa penhorar bens do Estado para pagar cirurgia de paciente

João Humberto | 03/06/2016 17:33
Zeene Rocha Amorim está internada no El Kadri desde a semana passada e devido à falta de vaga em CTI da rede pública de saúde, precisou ser operada em hospital particular (Foto: Arquivo/Família)
Zeene Rocha Amorim está internada no El Kadri desde a semana passada e devido à falta de vaga em CTI da rede pública de saúde, precisou ser operada em hospital particular (Foto: Arquivo/Família)

A família da dona de casa Zeene Rocha Amorim, 51 anos, entrou na Justiça para que o Governo do Estado pague despesas decorrentes de sua internação no Hospital El Kadri, em Campo Grande. Internada no local desde quarta-feira da semana passada (25), ela aguardava vaga em CTI (Centro de Terapia Intensiva) de hospital público, no entanto, devido à ausência de leitos, as diárias começaram a ser cobradas na unidade privada, o que obrigou familiares da paciente a ingressar com ação contra o Estado, penalizado em R$ 30 mil pelo juiz Alexandre Branco Pucci, do Juizado Especial da Fazenda Pública.

Conforme a assistente de departamento pessoal Dauva Rocha, 38 anos, irmã de Zeene, a dona de casa começou a sentir dores no corpo e estava com muita tosse no dia 23 de maio, quando se dirigiu até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino, região norte de Campo Grande. Foi diagnosticada com tosse alérgica e receitado medicamento dipirona.

No outro dia, Zeene não suportava as dores pelo corpo o que a dificultava andar e até enxergar. Como possui cartão de convênio de desconto para consultas de emergência no El Kadri, a dona de casa foi levada pela família até lá.

No hospital, a paciente foi examinada e os médicos constatam que sua pressão estava muito baixa, além de ter sido vítima de uma infecção generalizada causada por uma fístula (canal infectado) na virilha. Eles disseram à família que o estado de saúde de Zeene era muito grave e sua remoção a um hospital público não poderia ser feita, já que a vítima corria risco de morte.

Zeene ficou internada no local, mesmo os familiares tendo informado que não tinham condições de arcar com as despesas, conforme informações repassadas por Dauva. No dia 25, Zeide Rocha, outra irmã de Zeene, foi até a defensoria pública procurar ajuda e protocolou ação para que o governo do Estado colocasse a paciente imediatamente em um quarto de CTI, já que estava numa marca de emergência.

Diante da expedição do mandado, o juiz Alexandre Branco Pucci determinou no mesmo dia a concessão do pedido de tutela antecipada, exigindo que o Executivo disponibilize R$ 30 mil para o pagamento das despesas de Zeene no El Kadri. O dinheiro até agora não foi liberado, segundo Dauva, e as despesas somavam R$ 25.786,16 até a última terça-feira (31).

Cirurgia – Como o governo do Estado não liberou a verba e nem conseguiu vaga no CTI da rede pública de saúde, Zeene teve que subir para o CTI e ser operada anteontem (1º). A cirurgia na virilha foi delicada, segundo informa Dauva: tiraram pedaço da pele que estava necrosada e a ferida ficará aberta para cicatrização de dentro para fora. “A infecção era profunda. Minha irmã achava que era um problema de pelo encravado, mas já era um problema avançado que visto externamente não parecia ser tão grave”.

Além da preocupação em o governo liberar os R$ 30 mil, surgiu outra: com a cirurgia e os custos de internação e tratamento, agora no CTI, os gastos podem ultrapassar essa quantia. Dauva explica que só uma diária no Centro de Terapia Intensiva equivale a R$ 8 mil; o valor da cirurgia ela não sabe precisar.

Zeene está há três dias no CTI do El Kadri, sendo que só o valor das diárias nesse período já soma R$ 24 mil. “Fora isso tem os gastos com medicamentos e os médicos”, observa Dauva.

Caso o governo libere R$ 30 mil, ainda fica um valor de R$ 20 mil a ser pago no hospital, contabilizando as diárias da paciente no CTI. Prevendo mais esse gasto, a família de Zeene já recorreu à defensoria na tentativa de um novo pedido de tutela. É possível que essa quantia aumente, já que Zeene pode permanecer mais dias no local para se recuperar.

A equipe do Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa do governo do Estado e até a publicação desta matéria, não obteve a informação sobre a liberação ou não dos R$ 30 mil.

Nos siga no Google Notícias