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Capital

Farmacêutico teve dúvidas ao fazer medicamentos que causaram mortes

Alan Diógenes | 12/08/2014 20:34
Raphael (de amarelo) saiu da delegacia com o advogado sem falar com a imprensa. (Foto: Marcelo Victor)
Raphael (de amarelo) saiu da delegacia com o advogado sem falar com a imprensa. (Foto: Marcelo Victor)

O farmacêutico Raphael Castro afirmou durante o depoimento que durou cinco horas, na tarde desta terça-feira (12), na 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, que teve dúvidas e manipulou sozinho os medicamentos no setor de oncologia da Santa Casa, onde três mulheres morreram durante o tratamento de quimioterapia.

Segundo a delegada responsável pelo caso, Ana Cláudia Medina, o funcionário nunca havia feito manipulação de medicamentos antes de entrar na clínica terceirizada.

De acordo com a delegada, Castro contou que teria entrado no setor a convite do médico José Maria Ascenço, após a saída de outro farmacêutico que tinha passado em um concurso. A delegada disse que o farmacêutico teve dúvidas em relação à manipulação dos medicamentos, mas foi auxiliado pela enfermeira Giovana de Carvalho Penteado, que prestou depoimento na semana passada.

“Ele disse que fez a manipulação sozinho entre os dias 23 a 28 de junho, quando as pacientes tiveram reações negativas ao tratamento, e contou que não conhecia quais eram esses remédios. Apesar disso, ele falou que não errou em nenhum momento, apenas teve algumas dúvidas quanto a manipulação, que foram sanadas pela enfermeira Geovana”, explicou.

Durante o depoimento, a delegada constatou que houve falhas nos registros da manipulação feita pelo farmacêutico. O fato aconteceu, segundo ela, por que não era Raphael que transcrevia no livro de procedimentos a manipulação que tinha realizado.

O serviço era feito pela farmacêutica do período da tarde, Rita de Cássia Junqueira Godinho, que também prestou depoimento na semana passada. Ela fazia o registro da manipulação feita por Raphael através do prontuário das vítimas. “Não era ele quem fazia o registro como o protocolo manda, era a Rita quem fazia. Como ela entrava no setor no período da tarde, eles não tinham contato um com o outro para um repassar as informações. Foi aí que ocorreram as falhas”, ressaltou.

A delegada afirmou que precisa das provas periciais, ou seja, do resultado dos exames necroscópicos realizados nos corpos das vítimas, que já foram exumados. Através desses exames será possível saber se houve uma falha humana ou se foi a marca do medicamento que causou as mortes.

Para a delegada, o depoimento de Raphael foi crucial para as investigações, por que ele explicou de forma detalhada como era feito o processo de manipulação. “Tivemos informações minuciosas da manipulação, das dosagens e como a infusão quimioterápica era feita. As coisas estão clareando e eu já tenho minhas convicções do que causou a morte das pacientes”, mencionou.

Na sexta-feira (15), o farmacêutico que trabalhou no setor no período da manhã antes de Raphael, prestará depoimento, às 14h30, na 1ª DP. O Conselho Regional de Farmácia e o Conselho Regional de Enfermagem também foram convocados para prestar algumas informações, mas ainda não foram ouvidos.

Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, Maria Glória Guimarães, 61 anos, morreram nos dias 10, 11 e 12 de julho, respectivamente, devido à complicações durante o tratamento de quimioterapia.

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