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Capital

Fazendeiro cerca área e “toma” parte de estrutura destinada à favela

Daniel Machado e Edivaldo Bitencourt | 04/01/2015 11:35
Funcionário cava o chão para instalar cercas de arame farpado (Foto: Marcelo Calazans)
Funcionário cava o chão para instalar cercas de arame farpado (Foto: Marcelo Calazans)

Mais um capítulo no imbróglio da área no Conjunto Leon Denizart Conte, região do Jardim Noroeste, destinada aos moradores da Favela da Cidade Deus. Um mês após a invasão de 120 famílias, que deixaram o loteamento após ação da Guarda Municipal, o Campo Grande News flagrou neste domingo (4) a ação de um fazendeiro “tomando” para si uma parte reservada ao novo loteamento sob a alegação de que o terreno é propriedade particular.

No imóvel, que está sendo "expropriado", de 7.440 metros quadrados, há uma via já terraplanada pela prefeitura para posterior pavimentação asfáltica e 21 hidrômetros e 22 postes de energia elétrica já instalados pelas concessionárias, respectivamente, Águas Guariroba e Enersul. “Eles vão ter que fazer tudo de novo, só que mais 'pra lá', porque essa área aqui é do patrão”, disse o funcionário do fazendeiro, que instalava cercas de arame farpado no local e pediu para não ser identificado.

Segundo ele, em um dos lotes, foram reservados irregularmente para o novo conjunto habitacional uma área, em formato de “L”, de 240 metros de comprimento e 17,5 metros de largura e outra de 180 metros de comprimento por 18 metros de largura, perfazendo o total de 7.440 metros quadrados.

Conhecido na região como Charles, o fazendeiro é criador de gado e proprietário da Fazenda Paraíso, além da “chácara” vizinha ao loteamento.

No terreno "tomado", de 7.440 metros quadrados, uma via terraplanada, 21 hidrômetros e 22 postes de energia (Foto: Marcelo Calazans)
No terreno "tomado", de 7.440 metros quadrados, uma via terraplanada, 21 hidrômetros e 22 postes de energia (Foto: Marcelo Calazans)

Este é mais um capítulo na polêmica envolvendo a Favela Cidade de Deus, que conta com aproximadamente 800 famílias. Inicialmente, a polêmica começou com ação na Justiça do Ministério Público pedindo a retirada das famílias da área no Bairro Dom Antônio Barbosa porque estavam às margens da rodovia e sob risco de acidentes devido a instalação precária da rede de energia elétrica.

A Enersul chegou a suspender o fornecimento de luz e os moradores protestaram. A Prefeitura da Capital instalou geradores para garantir o fornecimento de luz.

Os moradores chegaram a protestar contra a transferência para o Jardim Noroeste. No entanto, as famílias não queriam a transferência e os moradores do Noroeste protestaram contra a chegada da Favela Cidade de Deus. A Justiça suspendeu a remoção e o juiz chegou a checar os dois locais, o atual e o novo, pessoalmente e intermediou um acordo para a transferência do Bairro Dom Antônio Barbosa para o Jardim Noroeste. A mudança começa neste mês.

O Campo Grande News entrou em contato com a presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Marta Martinez, e com o Secretário de Governo, Rodrigo Pimentel, para ouvi-los sobre a colocação da cerca neste domingo, porém não conseguiu localizá-los.

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