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Capital

Filho de policial chora e diz que Ítalo insistiu para pegar a arma

Nadyenka Castro | 30/06/2011 17:27

Declaração foi feita à Justiça

Guilherme, com o processo nas mãos, minutos antes do interrogatório. (Foto: Simão Nogueira)
Guilherme, com o processo nas mãos, minutos antes do interrogatório. (Foto: Simão Nogueira)

Ao ser interrogado pela Justiça nesta quinta-feira, Guilherme Henrique Santana de Andrea chorou ao falar sobre a morte do servidor público e universitário Ítalo Marcelo de Brito Nogueira, ocorrida em junho do ano passado, em Campo Grande.

Em aproximadamente meia-hora, Guilherme contou sua versão sobre o que aconteceu na festa onde Ítalo morreu. “... ele começou a me enforcar para tomar a arma (...) estava sentindo sufocado, então me mexi para sair dele. Aí o revólver disparou...”, disse, em lágrimas, o jovem.

O rapaz falou à Justiça que chegou ao local por volta das 18h20min e lá permaneceu por cerca de uma hora. Segundo Guilherme, o churrasco havia começado pela manhã e quando ele chegou todos que lá estavam tinham ingerido bebida alcoólica. “... acho que ele [Ítalo] é o que mais tinha bebido”. “A única pessoa sóbria daquela festa era eu”.

Em um determinado momento, enquanto afinava o violão, lembra o réu, o pai dele, o policial civil Pedro Wladimir de Andrea, era alvo de brincadeira de familiares e pediu para que fosse até a Blazer pertencente à Polícia Civil verificar a situação da arma.

A viatura descaracterizada estava no portão da residência que pertence a parentes do acusado, com as portas abertas, porque era do aparelho de som do veículo que saía a música que animava o evento.

Conforme o depoimento do rapaz, era utilizado o som do carro oficial porque estava lá o CD onde havia a música feita por ele. “Eu fui lá para mostrar uma música que eu gravei, porque eu sou músico. Estava no CD, tanto que ela tocou várias vezes”, declarou.

De acordo com Guilherme, muitas das pessoas que estavam no local mexiam no som e por isso o pai dele pediu que ele fosse verificar a arma, que estava escondida sob o tapete do banco do motorista.

Segundo ele, em obediência ao pai, foi até a viatura, viu que a arma não estava mais escondida e então a pegou com a intenção de guarda-la no interior da casa. Ele diz que a porta da frente estava trancada e por isso foi pelos fundos. “Ele [Ítalo] me pediu a arma. Não levei a sério. Me pediu brincando”.

Na versão do acusado, Ítalo insistiu para que ele entregasse a espingarda calibre 12 e então houve o disparo. “... ele conseguiu encostar na arma e eu tentei puxar a arma... “... ele começou a me enforcar para tomar a arma (...) estava sentindo sufocado, então me mexi para sair dele. Aí o revólver disparou...” afirmou ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Ele também disse que não sabe se foi ele ou o próprio Ítalo quem apertou o gatilho.

Guilherme conta que no momento disparo nem ele nem ninguém perceberam que havia tido um tiro, pois muitas pessoas soltavam ‘bombinhas’ no local. “... hora que eu olhei para ele [Ítalo], ele estava encostado na parede, ele estava caindo e eu gritei...”. Ao fazes estas declarações, o rapaz se emocionou mais uma vez.

O réu finalizou o interrogatório, dizendo, em lágrimas, que gostaria do perdão da família de Ítalo e que está sofrendo pelo acontecido. “Quero que a família me perdoe pelo acontecido. Não desejo isso a ninguém”.

A audiência desta quinta-feira foi acompanhada pelo pai de Guilherme, o qual também se emocionou, mas preferiu não falar com a imprensa. Ele era lotado na Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico e depois do caso foi transferido para Academia de Polícia Civil.

Pedro Wladimir responde a processo por ser acusado de ter feito disparos de tiros na festa onde ocorreu a morte de Ítalo, que era acadêmico de Direito na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e trabalhava no Detran.

Ação penal - Serão ouvidas mais testemunhas do caso em Nioaque. Depois disso, o juiz irá definir se manda Guilherme a júri popular.

O rapaz é acusado de homicídio doloso por ter assumido o risco sobre o que pudesse acontecer ao pegar a arma.

Para a acusação, Guilherme não teve a intenção de matar Ítalo, mas assumiu o risco ao manusear a espingarda.

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