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Capital

Folga a R$ 50 coloca mais de 100 sob suspeita de falsificar atestados

Luana Rodrigues | 31/07/2016 10:48
Polícia apreendeu carimbos e cópias de atestados falsificados na casa de investigado. (Foto: Marcos Ermínio/ Arquivo)
Polícia apreendeu carimbos e cópias de atestados falsificados na casa de investigado. (Foto: Marcos Ermínio/ Arquivo)
Delegado titular da Dedfaz, Maércio Alves Barboza (Foto: Fernando Antunes)
Delegado titular da Dedfaz, Maércio Alves Barboza (Foto: Fernando Antunes)

A necessidade de algumas pessoas ficarem dias sem trabalhar sob a justificativa de um atestado médico, mesmo estando saudáveis, tem rendido trabalho à Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Somente no cartório central da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações), há 108 inquéritos policiais para apurar crimes referentes à apresentação de atestados falsos.

De acordo com o delegado titular da Dedfaz, Maércio Alves Barboza, os processos são de janeiro de 2015 até julho deste ano. Em todos os casos, os suspeitos atuam de maneira comum. “O falsificador é indicado ao interessado por um amigo, um parente, um conhecido, é o 'boca a boca'. A partir daí eles fecham negócio”, explica.

Apesar da semelhança entre os crimes, segundo a polícia, não é possível afirmar que o grupo de investigado se trata de uma quadrilha. “Nós fazemos o cruzamento dos dados a fim de detectar características, elementos e maneira de atuações comuns, que possibilitem chegar à identificação dos autores das contratações, mas na maioria das vezes, os indivíduos que são surpreendidos utilizando atestados falsos sonegam tal informação à Polícia Civil”, disse o delegado.

De acordo com o delegado, na maioria dos casos os atentados são vendidos de R$ 30 a R$ 50. Quem vende ou compra o documento falsificado da rede pública, pode pegar pena de dois a seis anos de prisão, mais multa. Já a pena para quem adquiri o documento falsificado da rede particular é menor, de um a cinco anos de prisão e multa, cujo valor é determinado pela Justiça.

Entre os investigados também estão comerciantes de carimbos. Segundo o delegado, as pessoas que trabalham nesse ramo devem sempre exigir as documentações pertinentes à profissão de medicina e dados pessoais da pessoa que solicita a confecção de um carimbo, de modo a dificultar a ação criminosa.

A polícia recomenda que o comerciante arquive os dados de quem pede os carimbos para o caso de a polícia precisar. As investigações dos inquéritos continuam, não há prazo para serem encerradas.

Falta justificada – Em 2015, Jhonatan da Silva Souza, 24 anos, foi detido, acusado de confeccionar atestados médicos falsos em Campo Grande. Ele disse que praticava a fraude há cerca de três anos e contou como fazia as falsificações.

O entregador disse à polícia, que começou o golpe quando precisou de um atestado médico para justificar uma falta no próprio trabalho.

Para isso, ele comprou um papel apenas com a marca d'água do posto de saúde, mas em branco, fez cópias deste papel e preencheu um deles, que entregou no trabalho. Depois passou a comercializar o documento falso feito a partir da matriz.

A marca d'água que constava nas cópias utilizadas por Jhonatan, eram do Centro Regional de Saúde, João Pereira da Rosa, na região do Bairro Guanandi, que atende urgência e/ou emergência de adultos e crianças.

Na casa do suspeito, os policiais encontraram várias cópias de atestados, régua e estilete para cortar as folhas do tamanho idêntico aos atestados, além de um caderno com várias rubricas. Ele utilizou carimbos e inscrições em nome de três médicos. Para fazer as assinaturas de cada um, treinava as rubricas neste caderno.

Em depoimento, Jhonatan não soube precisar a quantidade de atestados que já falsificou, tampouco os nomes das pessoas que compraram, mas afirmou que cada documento fraudado custava de R$ 20 a R$ 45.

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