Garoto vira problema ao viver de furtos para comprar drogas na Capital
Ele tem 17 anos e já foi parar na delegacia inúmeras vezes. O menor em questão é usuário de drogas e por causa do vício acumula passagens por furto, tentativa de furto, desacato, desobediência, tráfico, violação de domicílio e evasão de local de custódia, todos atos infracionais de menor potencial ofensivo.
A ficha dele chega a cinco páginas entre flagrantes, fugas e abordagens. A cada vez que é apreendido, não demora a voltar para as ruas, seja por questões legais ou porque foge das clínicas de internação carentes de segurança específica.
Para a Justiça, o adolescente se encontra em situação de vulnerabilidade e precisa de tratamento contra a drogadição, não de recolhimento em Uneis (Unidades Educacionais de Internação), independentemente da reincidência e dos prejuízos que causou à sociedade.
A família já não sabe mais o que fazer. Nos últimos 26 dias o infrator foi apreendido 11 vezes, sendo dez por furto e uma por tráfico, em 31 de janeiro, 03, 04, 10, 14, 15, 16, 17, 19, 22 e 25 de fevereiro.
Flagrante - No caso mais recente, o garoto transitava pela região do Jardim Los Angeles, quando “decidiu” invadir uma residência na Rua Antônio Prado. Ele arrombou a porta para subtrair alimentos, uma bicicleta e um telefone celular. Detido pela Guarda Civil Municipal, alegou na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga que, como em outras ocorrências, cometera o delito para trocar os objetos furtados por entorpecentes.
A delegada Daniella Kades, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude), afirma que a polícia cumpre suas obrigações seguindo rigorosamente as leis do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) - o autor é liberado e o caso levado ao conhecimento do poder judiciário. “Mesmo em flagrante, não podemos apreendê-lo porque ele não comete seus atos infracionais mediante violência ou ameça. Seus delitos são de menor potencial ofensivo”, explica a delegada.
A promotora da Infância e da Juventude, Vera Aparecida Cardoso Bogalho Frost Vieira, conhece bem a situação e afirma que nenhuma medida (nem mesmo a Unei) terá efeito se antes o garoto não for afastado das drogas. Problemático, sempre que foi internado em clínicas de reabilitação, deu um jeito de fugir. “É questão de saúde. Ele se encontra em situação vulnerável e precisa de amparo. Já encaminhei pedido ao colega da área para que acione o Juiz em busca de uma internação compulsória. Daqui há seis meses ele completa 18 anos e então, interná-lo ficará ainda mais difícil”, disse.