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Capital

Greve dificulta financiamentos para compra de imóveis e veículos

Flávia Lima e Juliana Brum | 20/10/2015 17:45
Concessionárias e lojas de revenda procuram trabalhar com financeiras para serem prejudicadas durante greve dos bancários. (Foto:Gerson Walber)
Concessionárias e lojas de revenda procuram trabalhar com financeiras para serem prejudicadas durante greve dos bancários. (Foto:Gerson Walber)
O consultor de vendas Emerson Belmondes diz que as vendas estão prejudicadas devido a greve bancária. (Foto:Fernando Antunes)
O consultor de vendas Emerson Belmondes diz que as vendas estão prejudicadas devido a greve bancária. (Foto:Fernando Antunes)
Rubens Limeira efetuou o pagamento através de transferência on line. (Foto:Gerson Walber)
Rubens Limeira efetuou o pagamento através de transferência on line. (Foto:Gerson Walber)

A greve dos bancários, que está em seu 15º dia, pode estar caminhando para um desfecho a partir desta terça-feira (20), já que a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) aceitou sentar com a categoria para iniciar uma negociação.

No entanto, enquanto o impasse não se resolve, a suspensão de serviços específicos, como a contratação de empréstimos e financiamentos, que até há alguns dias era feito por algumas agências, começou a prejudicar o comércio, especialmente os setores imobiliário e de venda de automóveis, onde grande parte dos clientes opta pelo financiamento para fechar a compra.

Com a dificuldade em obter o serviço, alguns clientes chegam a optar por veículos com valores abaixo do pretendido, para facilitar a compra à vista. A situação só não é mais complicada nas lojas que trabalham direto com financiadoras, que fazem todo o trabalho de  mediação entre o banco, o cliente e a revenda. "Elas agilizam tudo e não precisamos lidar com os funcionários em greve", ressalta a encarregada administrativa de uma loja na Avenida Bandeirantes, Érica Cassiano.

Ela diz que outro ponto que contribui com a garantia das vendas é o fato de que a maioria dos clientes prefere efetuar o apagamento em cheque. "Como a compensação está funcionando normal, não encontramos problema", diz.

Em outra concessionária, na Avenida Ricardo Brandão, as vendas também seguem sem percalços, já que a loja também trabalha com financeiras. O vendedor Edson Pereira, explica que todo o trabalho de cadastro e pré-aprovação da proposta do cliente é feito on line, pela internet.

Com a aprovação do contrato, um funcionário do banco vai até a loja para conferir com mais detalhes a documentação do cliente. "Sei que algumas agências estão totalmente paralisadas, mas as que estamos acostumados a trabalhar ainda estão nos atendendo", ressalta.

O vendedor garante que a mediação dos serviços pelas financeiras nem sempre sai mais caro para o cliente, já que a aprovação dos valores depende do histórico bancário da pessoa. "Já tive cliente que não conseguiu aprovação com o gerente de sua agência devido algum problema passado e veio aqui na loja e conseguimos através dessas empresas. Mesmo assim consegui garantir uma parcela semelhante a que o banco oferecia", explica. 

Ele destaca que a única dificuldade é obter o financiamento de 100% do valor do veículo, mas ele atribui à crise essa barreira. "Sentimos uma queda nas vendas em torno de 30% nos últimos cinco meses. Nem os feirões estão lucrando muito", revela. 

Já em uma loja localizada na Avenida Rachid Neder, o consultor de vendas Emerson Belmondes diz que as vendas foram prejudicadas devido a greve dos bancários. "O mercado já vinha há dois meses caindo as vendas. Na semana passada havia algumas agências abertas, realizando os financiamentos para nós, mas agora não estamos conseguindo mais", reclama. 

O fato de ter um crédito pré-aprovado em sua conta para a compra de um veículo não está facilitando a vida do cliente, já que ele precisa concluir a transação no banco. Também existem casos atípicos, mas que influenciam nas operações de venda.

Emerson cita o caso de um cliente que tem R$ 20 mil em sua conta corrente, mas não consegue sacar devido a um problema no cartão de débito, que só poderá ser resolvido após o fim da greve. "Se ele não tivesse problemas com o cartão, poderia sacar um pouco por dia. Nós nem podemos financiar porque dependemos de uma entrada para concluir o serviço", lamenta.

Para não depender de financiamentos, os clientes tem procurado realizar pagamentos à vista ou a transferência do valor via on line, direto para a conta da revendedora. Foi o caso do aposentado Rubens Limeira, que na manhã desta terça-feira (20) concluiu a troca de seu Classic. "Faço tudo pela internet. Às vezes utilizo o terminal eletrônico, mas também para fazer transferências", diz.

Outra cliente que preferiu não se identificar disse que teve mais sorte, já que seu banco não aderiu a greve. "Guardei o dinheiro para fazer o pagamento à vista, mas essa paralisação está afetando todo o comércio e a população", ressalta.

Imóveis - Enquanto algumas lojas conseguem evitar o prejuízo trabalhando com as financeiras, no meio imobiliário, apenas o fim da greve bancária pode resolver os problemas do setor. 

Segundo o presidente do Sindimóveis (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), James Antonio Gomes, a paralisação está afetando principalmente os clientes que já organizaram a documentação necessária conseguir o financiamento bancário. "Alguns até já haviam levado os papéis antes da greve, mas não houve tempo hábil para a análise. Agora o jeito é esperar a reabertura", ressalta.

O atraso nos financiamentos vem causando um prejuízo maior às pessoas que já contam com o empreendimento concluído, mas não podem se mudar porque ainda não tiveram a documentação analisada pelo banco.

"Nesse caso reza o contrato que o cliente deve pagar 1% ao mês do saldo devedor. Fica complicado porque além do aluguel, ainda tem essa despesa para arcar", explica James. Segundo ele, na imobiliária em que atua há pelo menos 40 imóveis aguardando a liberação do financiamento. 

O pagamento das taxas de escritura também ficam comprometidos, pois como os  valores costumam ser altos, quem tiver algum problema com cartões bancários ou de crédito, não consegue sanar o débito. "Nem depósito dá para fazer devido a falta de envelopes em algumas agências", lembra.  

O corretor ressalta que a dificuldade atinge, inclusive, as locações, pois a pessoa que alugou o imóvel através de imobiliária, recebe um boleto, que caso tenha um valor acima do estipulado pelos correspondentes bancários ou lotéricas, fica impossibilitado de ser pago. "Ocorre que a pessoa acaba pagando juros e multa", diz James.

Imobiliárias aguardam documentações que viabilizam os financiamentos. (Foto:Arquivo/Campo Grande News)
Imobiliárias aguardam documentações que viabilizam os financiamentos. (Foto:Arquivo/Campo Grande News)
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