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Capital

Hospital da Criança atende 80% da Unimed e pode sobrecarregar SUS

Zana Zaidan | 05/07/2014 10:25
Suspensão de convênio com Unimed põe autoridade de saúde em alerta (Foto: Cleber Gellio)
Suspensão de convênio com Unimed põe autoridade de saúde em alerta (Foto: Cleber Gellio)

Responsável por 80% dos atendimentos pediátricos de pacientes conveniados à Unimed, o Hospital da Criança de Campo Grande pode ter desistido de renovar o convênio com o plano de saúde por não conseguir negociar aumento do valor recebido pela consulta.

A empresa não confirma a informação e, sucessivas vezes, o hospital alega não haver pessoal da direção para conversar com a reportagem, mas a baixa remuneração é uma suspeita do SPMS (Sociedade de Pediatria de MS), além do Sindicato dos Médicos de MS.

A consequência, admite o secretário municipal de Saúde, é um “inchaço” na rede pública de saúde da Capital, já sobrecarregada por pacientes sem plano de saúde particular. Conveniados da Unimed têm, ainda, o hospital São Lucas e o ProntoMed, da Santa Casa, à disposição.

Presidente da SPMS, a médica Tânia Hidelbrand conta que a crise na categoria se intensificou nos últimos cinco anos, período em que muitos pediatras fecharam os consultórios ou optaram por deixar de atender por convênios. “Não houve movimento organizado, latente, para aumentar honorários. Como saída, muitos mantiveram os consultórios, mas deixaram de atender por planos de saúde”.

Diretor do sindicato e pediatra, João Batista de Medeiros afirma que a Unimed paga entre R$ 60 e R$ 80 a consulta, enquanto, o ideal, seria R$ 150, ou seja, mais que o dobro do valor, estima.

“Acaba sendo pouco com os custo de manutenção de um consultório”, justifica, ao comentar que, há dez anos, ele próprio optou por dar expediente somente na Santa Casa.

Ambos frisam que a remuneração é apenas um dos prováveis fatores que leva ao impasse entre Unimed e Hospital da Criança, somado ao custos hospitalares, entre outros.

“A questão da remuneração é uma pauta, mas, tratando-se de um hospital, não é a única. Devem haver outros detalhes que levaram a essa crise na negociação, e é bastante preocupante porque o hospital da criança é o mais procurado não só na Capital, mas por famílias do interior”, finaliza Hidelbrand.

Inchaço – Chefe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Jamal Salem admite que o rompimento do convênio do hospital com a Unimed “acende o alerta” da administração municipal. 

“Nenhum conveniado ficará sem pediatra, claro, mas esperamos conseguir atender a todos. Estamos em alerta e, se se mostrar necessário, vamos ter que contratar mais profissionais”, afirma.

Hoje, a Capital enfrenta uma crise no setor, e não consegue preencher o quadro de médicos necessário para atender à demanda. “A população vai ter que ter paciência, ate conseguirmos encontrar uma solução”, comenta sobre o problema.

Salem sugere, então, uma das três unidades de saúde 24 horas que disponibilizam pediatras durante o dia, nos bairros Coronel Antonino, Universitário e Vila Almeida. Já no período noturno, seis unidades ficam com cinco pediatras em cada uma.

Outra solução, acrescenta, é a inauguração do Hospital da Criança do SUS, prevista para agosto, que vai contar com cinco pediatras e atender 500 pacientes por dia no prédio do Sírio Libanês, na avenida Afonso Pena.

“Estamos também atendendo às reivindicações da classe para atrair mais pediatras, como mais segurança nos postos de saúde”, exemplificou.

Sobre a questão da remuneração, a Unimed alega, por meio da assessoria de imprensa, “que não recebeu nenhum tipo de reclamação via sua Ouvidoria ou Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre o assunto. E por se tratar de um sistema cooperativista, os valores são definidos com conhecimento de seus cooperados, sendo proporcionais às sobras dos resultados de cada profissional. Além disso, é importante ressaltar que a atual tabela praticada é preconizada pela Associação Médica Brasileira (AMB)”.

A empresa reforça que, por ora, o atendimento pediátrico no hospital segue normal, já que o contrato ainda está vigente.

Novamente, o Hospital da Criança não se manifestou. Por telefone, informaram apenas que a pessoa autorizada a responder não estaria na unidade.

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