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Capital

Hospital do Câncer faz cirurgia inédita com técnica que dobra chance de cura

O material recolhido é enviado para a Califórnia para análise do médico que patenteou a técnica e o paciente passa a ter o tratamento customizado

Paula Maciulevicius | 26/02/2013 11:24
As duas primeiras cirurgias foram realizadas ontem pela manhã, no Hospital do Câncer. (Foto: Arquivo/Rodrigo Pazinato)
As duas primeiras cirurgias foram realizadas ontem pela manhã, no Hospital do Câncer. (Foto: Arquivo/Rodrigo Pazinato)

O Hospital do Câncer de Campo Grande realizou duas cirurgias nesta segunda-feira usando uma técnica inédita em Mato Grosso do Sul e realizada pela segunda vez no País. O procedimento é baseado em evidência científica e dobra a chance de cura do paciente. O material recolhido é enviado para a Califórnia, nos Estados Unidos, para análise do médico que patenteou a técnica e a partir daí a pessoa tem um tratamento customizado.

As duas primeiras cirurgias foram realizadas ontem pela manhã, no Hospital do Câncer e contou com uma ação conjunta da equipe do Hospital Adventista do Pênfigo, com os médicos Fabrício Colacino Silva, oncologista e Rodrigo Domingues Laraya, onco-ortopedista, além de uma equipe de São Paulo.

A intervenção seguiu o procedimento conhecido como EVA-PCD. Todo o processo é composto por três etapas, explica o médico oncologista, Fabrício Colacino, a cirurgia, o transporte do material e a análise para identificar o tratamento que mais vai responder àquele paciente, fugindo do padrão.

O destino do material é ser analisado no laboratório Rational Therapeutics, domédico reconhecido internacionalmente e que criou esta técnica, Robert Nagourney, certificado em medicina interna, oncologia médica e hematologia.

Nos procedimentos realizados ontem, um de melanoma e outro contra o câncer ósseo, foi retirado 1 centímetro cúbico de fragmento que tem toda manipulação específica. “Com substâncias que melhoram a viabilidade celular e mantém viva até chegar ao destino. É como se alimentasse o fragmento para chegar intacto na Califórnia”, conta o médico.

O fragmento retirado na manhã de ontem chegou às 2h da manhã de hoje à Califórnia, depois de toda uma logística para transporte rápido e refrigerado e trâmites burocráticos na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). E deve retornar ao Brasil em uma semana. “O laboratório nos devolve com informações valiosas e personalizada para aquele paciente, ou seja, no laudo conclusivo, virão informações de qual o melhor quimioterápico específico para aquele paciente e qual a dose de atividade antitumoral”, acrescenta Colacino.

A técnica chegou a Mato Grosso do Sul quando o especialista veio em outubro de 2012 e treinou a equipe do Hospital do Câncer. O tratamento é indicado para 70% dos tumores, entre melanoma, tumor de ovário, pulmão, ósseo, peritônio, linfoma, mama, pâncreas e fígado. Foram três anos de teste até que a cirurgia começasse a ser realizada.

Por enquanto o procedimento ainda não chegou ao Sistema Único de Saúde e custa em torno de US$ 4 mil. A esperança dos especialistas é de que o processo se popularize nos próximos anos. O primeiro paciente submetido ao processo foi Wladmir Andreo Cavalcanti Salvador, 51 anos, que há 11 luta contra o melanoma, um tipo de câncer de pele, o mais agressivo. Foi por uma campanha nas redes sociais que ele conseguiu o valor para financiar o procedimento.

Sobre a técnica, Fabrício Colacino explica que envolve seis especialistas para todo procedimento, incluindo materiais especializados. Fora do Estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul é o único local credenciado no País para realizar a cirurgia. O trabalho será apresentado pelo médico oncologista em um congresso mundial de Oncologia, em junho deste ano, expondo sobre a importância do procedimento no cenário mundial.

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