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Capital

Idoso morre no Hospital Regional após esperar 2 dias por vaga em UTI

Atílio estava na UPA Coronel Antonino respirando por ventilação artificial; no Hospital Regional ele morreu em maca e com ventilação mecânica

João Humberto | 19/07/2016 15:12
Atílio Arruda, 63 anos, foi encaminhado da UPA Coronel Antonino ao Hospital Regional no domingo (Foto: Reprodução Facebook)
Atílio Arruda, 63 anos, foi encaminhado da UPA Coronel Antonino ao Hospital Regional no domingo (Foto: Reprodução Facebook)

Atílio Arruda, 63 anos, morreu na manhã desta terça-feira (19) numa maca em um dos corredores do Hospital Regional, em Campo Grande, após esperar por dois dias vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). No domingo ele estava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino, respirando por meio de respirador artificial, e foi encaminhado ao hospital, mesmo a Central de Regulação da prefeitura sabendo que no local não havia vaga e nem respirador artificial.

O idoso sentiu falta de ar no domingo e foi levado a UPA Coronel Antonino. No local o estado de saúde se agravou e Atílio passou a respirar com a ajuda de aparelhos.

Na UPA o idoso permaneceu internado apenas no domingo até ser transferido ao Regional, sem que houvesse vaga de UTI disponível. No hospital, Atílio respirava através de bombeamento manual.

Informações obtidas junto ao Hospital Regional confirmam que Atílio estava numa maca respirando por ventilação mecânica. No boletim de atendimento de urgência do Regional, o médico plantonista informou que desde as 13h dessa segunda-feira (18), a respiração no paciente era feita com ambu em decorrência de não haver no local um respirador artificial e nem vaga de UTI.

De acordo com informações do boletim do paciente, o médico plantonista acusa a médica Izabela Bezerra, responsável pela regulação de vagas por retirar o paciente do respirador na UPA e transferi-lo ao Hospital Regional, mesmo sabendo que ali não tinha respirador e vaga na Unidade de Terapia Intensiva.

Vaga zero - A assessoria de imprensa do Hospital Regional confirmou ao Campo Grande News as informações relacionadas ao estado de saúde e transferência de Atílio. Informou ainda que o idoso foi transferido em vaga zero, sendo que o sistema de regulação de vagas não teve o cuidado de verificar a real lotação do hospital, que na ocasião estava superlotado e o encaminhou mesmo sabendo que não teria leito adequado com ventilação mecânica para atendê-lo.

No hospital, segundo a assessoria de imprensa, o paciente passou pelo atendimento sendo submetido à ventilação manual. Como Atílio apresentava estado gravíssimo, não deveria ter sido retirado de um local onde recebia atendimento necessário para transferência, opina a assessoria do Hospital Regional.

No Facebook de Atilio Ferreira de Arruda, filho do idoso, há foto do pai e mensagens de amigos se solidarizando à família nesse momento. Já no de Rosemeire Costa de Arruda, nora da vítima, há o seguinte desabafo: “Quanto vale a vida de um ser humano? É a pergunta que faço. Meu sogro morreu a míngua em uma antessala de emergência do segundo maior hospital do Estado. Hospital sem recurso, uma pessoa necessitando de cuidados especiais, sendo ambuzado manualmente. Isso é uma vergonha, um descaso, um desrespeito. O médico chegou ao cúmulo de falar ‘leva pro hospital particular’. Ou seja, se você não tem dinheiro vai morrer como aconteceu com ele agora, e outros três ontem a tarde na mesma situação. Senhor tenha misericórdia de nós”.

Em contato via e-mail com a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para obter informações sobre qual foi o motivo que levou a médica da Central de Regulação a encaminhar Atílio ao Regional, mesmo sabendo que ali não tinha vaga, até o fechamento deste texto o Campo Grande News não recebeu resposta.

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