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Capital

Internações por queimadura diminuem 20% e pacientes contam drama

Aliny Mary Dias | 22/07/2014 11:00
Alan é de Dourados e se queimou após amigo derrubar bife na chapa (Foto: Marcos Ermínio)
Alan é de Dourados e se queimou após amigo derrubar bife na chapa (Foto: Marcos Ermínio)

Internações de no mínimo um mês, tratamento doloroso e marcas que podem ser carregadas para a vida toda. Assim pode ser brevemente resumida a vida de quem sofre queimaduras e vai parar no hospital. Referência no tratamento dos casos, a Santa Casa de Campo Grande convive com a diminuição de pacientes. No primeiro semestre desse ano, as internações de pacientes diminuíram 20% em comparação com o mesmo período de 2013.

Conforme os dados do hospital, 203 pessoas foram internadas na ala de queimados nos primeiros seis meses do ano passado. No mesmo período desse ano, 161 pessoas deram entrada na unidade e passaram pelo tratamento que leva em média de um a três meses.

Há 20 anos trabalhando com as vítimas de queimadura, a enfermeira Cida Amaral explica que a diminuição é sentida no setor e que ocorreu em razão da conscientização que as pessoas têm adquirido após tantos casos graves.

Enfermeira convive há 20 anos com casos e diz que tratamento é doloroso (Foto: Marcos Ermínio)
Enfermeira convive há 20 anos com casos e diz que tratamento é doloroso (Foto: Marcos Ermínio)

“A queimadura deixa marcas para sempre, tanto físicas, psicológicas e emocionais. É um prejuízo muito grande para a sociedade porque muitas pessoas entram em depressão, por isso vemos que a sociedade está se conscientizando”, afirma.

O primeiro semestre mal acabou e o restante do ano também deve ser de dias mais calmos no setor. Tudo porque o mês de julho, considerado crítico em razão do foguetório de festas julinas, tem praticamente a metade de pacientes em comparação com julho de 2013. Atualmente, oito pessoas estão internadas no setor que tem capacidade para 16 pacientes.

Uma das internadas é a pequena Maria Vitória, de 4 anos. Ele mora em Paranaíba com a família e sofreu as queimaduras na cabeça e no tórax no dia 27 de junho, quando a mãe derrubou por acidente água fervendo na criança. Com marcas das queimaduras, a mãe de Maria, Taiane Gessi, 21 anos, diz não ser fácil suportar os dias fora de casa e a dor da filha.

“Eu deixei tudo pra trás e estou aqui com a minha filha. No começo ela sentia muita dor e reclamava, agora está melhorando e pede para ir embora. Acho que daqui uns 13 dias ela terá alta e poderemos voltar para casa”, desabafa.

Problema antigo - Apesar do cenário positivo enfrentado pelo hospital, há uma situação que ainda preocupa. Apesar de todos os apelos e até das proibições de venda de álcool líquido nos supermercados e etanol em garrafas pets nos postos de combustíveis, o bife na chapa é o grande vilão da história.

Maria Vitória se queimou com água quente e vai ficar mais 13 dias internada (Foto: Marcos Emrínio)
Maria Vitória se queimou com água quente e vai ficar mais 13 dias internada (Foto: Marcos Emrínio)
Sebastião pensa até em mudar de profissão após incidente (Foto: Marcos Ermínio)
Sebastião pensa até em mudar de profissão após incidente (Foto: Marcos Ermínio)

Das oito pessoas que estão internadas vítimas de queimaduras nesta terça-feira (22), três delas se queimaram durante confraternizações que envolviam a chapa, o álcool e o bife. Um deles é o douradense Alan dos Santos, 20 anos.

O jovem estava com amigos próximo da chapa, mas sequer manipulava o álcool ou objetos quando se queimou. Um amigo derrubou o recipiente com álcool ao pegar um bife e o fogo se alastrou para o corpo de Alan. Tudo aconteceu no sábado (22) e agora o que resta para ele é esperar e se recuperar.

“Eu nunca senti uma dor igual a essa na minha vida. Eu queimei minhas pernas, a mão e devo ficar mais um mês internado”, explica.

Outro que também sofreu as consequências do bife na chapa é o pintor Sebastião Riba, de 39 anos. Ele se queimou há um mês, quando estava com a família no Cachoeirão e derrubou o recipiente com o álcool no corpo. O pintor teve queimaduras nas pernas e vai precisar passar pelo procedimento de enxerto, quando parte da pele de uma parte do corpo é retirada para implantar no local queimado.

“A partir de agora eu vejo quanto risco eu corri, vou tomar cuidado e até mudar de profissão. O tratamento é bastante dolorido, mas eu vou me recuperar”, diz.

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