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Capital

Internos com mais de 18 anos viram líderes do crime em Unei

Paula Maciulevicius | 04/07/2012 15:52
Superintendente admite que jovens influenciam adolescentes e representam problemas
à administração. (Foto: Simão Nogueira)
Superintendente admite que jovens influenciam adolescentes e representam problemas à administração. (Foto: Simão Nogueira)

Com um terço dos internos maiores de 18 anos, o local que tenta recuperar adolescentes que entraram para a criminalidade enfrenta agora um cenário que vai além das superlotações. Jovens maiores de idade, mas que ainda tem tempo de internação para cumprir de atos cometidos quando menores de idade, exercem influência influência sob os outros e muitas vezes, à frente de motins.

“Alguns momentos em função dessa idade e convivendo com adolescentes de 14, 15 e 16 anos, eles podem exercer influência que dificulta a socioeducação”, analisa o superintendente de Assistência Socioeducativa, coronel Hilton Vilassanti.

À frente da administração das 10 unidades educacionais de internação, Vilassanti reforça “não dá para imaginar que alguém com 20 anos possa ter a mesma postura que alguém com 16 ou 17 anos”.

O exemplo cabal dessa situação é o de Patrick Hernanes Guimarães, interno da Unei Dom Bosco até o último dia 28, e hoje no Presídio de Trânsito. Prestes a completar 19 anos, ele foi transferido para a penitenciáriadepois de ser o protagonista da rebelião na unidade, quando uma professora foi feita refém no dia 26 de junho.

Na bagagem do jovem os atos infracionais começaram ainda em 2008. Ele estava internado na Unei por tráfico de drogas.

A legislação prevê que o tempo máximo de medida socioeducativa aplicada a um adolescente é de três anos. “Eles geralmente praticam este ato com menos de 18 anos e como a medida pode alcançar até os 21 anos, digamos que ele comece este ato infracional quase com 18, então ele vai ficar até os 21”, explica o superintendente.

Nos 19 alojamentos da unidade, a capacidade para adolescentes e também jovens é de 54. A semana começou com 70 internos e 20 deles acima de 18 anos. Os mais velhos são cinco, que estão com 19 anos. Até o final de junho, eram contabilizados nove internos que fugiram.

Professora saindo após ser feita refém na última rebelião na Unei Dom Bosco. (Foto: Arquivo/Minamar Júnior)
Professora saindo após ser feita refém na última rebelião na Unei Dom Bosco. (Foto: Arquivo/Minamar Júnior)

“Isso é um número grande e dificulta um pouco, não tem um parâmetro. Eles estão trazendo certa dificuldade para a administração nesse momento. São arredios, mais fortes e conduzem rebelião”, ressalta Vilassanti.

Longe de querer abrir discussão sobre a redução da maioridade penal e as medidas para casos de reincidência, Vilassanti repete a opinião já declarada. “Eu tenho a minha posição, sou contra isso, acho que tem que envolver mais a família nessa questão quando adolescente. É isso que vai fazer a diferença”.

Na tentativa de diferenciar o tratamento entre adolescentes e jovens dentro da unidade, está prestes a ser inaugurado um novo bloco, já construído dentro da estrutura física das normas do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo). Com 32 vagas a mais, o novo bloco vai comportar os adolescentes com até 18 anos.

“Ali vai fazer essa diferenciação. Constituímos uma comissão que tem 90 dias para estudar e apresentar análise e proposta para normatizar. Vai levar em conta a diferença de idade, ato infracional e a própria reincidência”, anuncia o coronel Vilassanti.

“É uma forma de direcionar esforços no sentido de atenuar essa situação”, finaliza.

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