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Capital

Invasores da área da Emha dizem que querem apenas regularização do terreno

Ítalo Milhomem | 06/06/2011 12:37
Tião da Horta afirma que as famílias só querem a regularização dos lotes já utilizados. (Foto: Simão Nogueira).
Tião da Horta afirma que as famílias só querem a regularização dos lotes já utilizados. (Foto: Simão Nogueira).
Elza Maria Primo, de 62 anos, vive de favor na casa da filha e espera há 5 anos pela casa popular. (Simão Nogueira)
Elza Maria Primo, de 62 anos, vive de favor na casa da filha e espera há 5 anos pela casa popular. (Simão Nogueira)

Membros da Associação de horti-fruti granjeiros das Moreninhas II e IV, acusados de invadir área de 25 hectares da prefeitura para construir barracos de madeira e casas de alvenaria, alegam que querem apenas legalizar os terrenos para ter suas casas próprias. Hoje cerca de 100, dos 400 associados, acampam no local.

Segundo o presidente da associação, Sebastião Martins Vieira, conhecido como “Tião da Horta”, há cerca de quatro meses, o presidente da Emha ( Empresa Municipal de Habitação), Paulo Matos, teria declarado na rádio comunitária que as hortas e plantações seriam desfeitas para construção de casas populares.

Ele relata que uma assistente social foi até o local e mapeou 65 famílias, que residem atualmente na área. Quando os outros associados, que trabalham há mais de dez anos na área ficaram sabendo resolveram construir barracos para tentar legalizar a área onde já trabalham, construir casas e sair do aluguel.

“Ninguém tá pedindo nada de graça, queremos a legalização dos terrenos. Iremos pagar por isso e depois iremos construir as casas. O contrato com a prefeitura está vencido, eu confesso, mas não dá para segurar a vontade dos associados, que não tem casa”, conta Tião.

“Perguntei para a mulher da Emha, como ficariam os associados que trabalham na horta, ela respondeu que só trabalham com a questão da moradia e não com hortas. Agora estou esperando uma reunião marcada com presidente da Emha hoje a tarde”.

Na área, algumas hortas de salsinha, cebolinha, mandioca, milho e até uma plantação de eucalipto é encontrada. No entanto, grande parte do que era produtivo, agora está sendo preparado para se tornar moradias.

Denise dos Santos, de 27 anos, mora há 2 anos, com o marido e um casal de filhos bem na entrada, era a horta. Ela conta que desde os 17 anos trabalha no local e resolveu construir o barraco e fixar residência na área porque gastava muito com aluguel. A família dela foi uma das 65, que foram cadastradas pela assistente social da Emha e esperam ser remanejadas para as futuras casas populares.

Mais ao fundo da área, a aposentada Elza Maria Primo, de 62 anos, comentou que trabalha a mais dez anos na horta comunitária e hoje vive de favor junto da filha caçula na casa de outra filha, enquanto o marido trabalha na fazenda.

“A maioria do pessoal que está aqui (associados) tem cadastro na Emha, Agehab, mas ninguém conseguiu a casa ainda. Se tiver que sair, vamos sair, mas temos que lugar por aquilo que nós queremos”, comenta Elza mostrando cadastro do marido na Agehab.

Tião, que é filiado ao PDT se defende das acusações de uso político da situação e afirma que não será candidato a nenhum cargo nas próximas eleições. Como um dos líderes da ocupação, ele teme a desocupação dos lotes da antiga horta comunitária com força policial, e conta que nas últimas noites uma ronda da guarda municipal e da polícia militar circulou pelo local, que fica aos fundos do Parque Jacques de Luz.

Prefeitura - o presidente da Emha, Paulo Matos afirmou, que vai entrar ainda nesta segunda-feira (6), com uma acão pedindo a reintegração de posse da área para que o projeto de construção de casas populares não seja inviabilizado.

“Essa associação esta extinta há muitos anos, estava abandonada e a propriedade é da Emha. Em 2009, fui nas Moreninhas, conversamos com a população, fizemos enquete na rádio, e decidimos com a população pelo projeto das casas. Temos famílias da região do “linhão”, que vivem em baixo da rede de alta tensão, e outras áreas de risco. Fui ao governo federal conseguir recursos e agora, de sexta-feira pra cá, o Tião da Horta, está tentando lubridiar as pessoas, dizendo que quem entrar no terreno, vai ganhar casa. Mas já temos, com denúncias de vendas de casas, que estão sendo apuradas”, comentou Mattos.

Segundo o secretário da habitação do município, serão construídas 486 casas populares para atender a demanda da região, que irão gerar 2 mil empregos durante a obra, que será realizada pelo PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) II. Serão investidos R$ 24 milhões na construção das casas, pavimentação asfáltica, implantação da rede de água, esgoto e energia, além de equipamentos urbanos como praças, creches e escola.

“O Tião não é prefeito de Campo Grande e não dono da área. Nós temos tentado coibir essas ações de venda irregular de lotes, mas tem algumas pessoas inocentes que são induzidas pelo erro. Ele não pode mandar entrar ou o município terá que pedir permissão para fazer suas ações”, critica Matos.

Porque inviabiliza a construção da obrar, já estamos buscando recurso para construção de mais 800 casas, que são suficientes para atender a demanda da região. Essas vao ser contempladas dentro do programa.

Matos afirma que já está sendo preparado outro projeto para construção de mais 800 casas populares na mesma região das Moreninhas.

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