Invasores de condomínio bloqueiam rua para protestar contra fim de "gato"
Famílias, que há 17 anos ocupam um condomínio abandonado em Campo Grande, reclamam do corte no fornecimento de energia e chegaram a bloquear, em tom de protesto, a rua Jamil Basmage, no Bairro Mata do Jacinto. Eles assumem o uso de ligações clandestinas para ter acesso à eletricidade, mas garantem que tentam regularizar a situação há 10 anos.
“Nós já conseguimos e estamos pagando pela água. A luz é na base da gambiarra, mas estamos pedindo a regularização. Nós queremos pagar”, afirma a cozinheira Cléria Mari Souza de Lima, 36 anos, que está à frente da situação.
Segundo ela, a empresa que estava erguendo o prédio não deu conta de terminá-lo. Aos poucos, a população começou a tomar conta do local e os moradores fizeram até algumas melhorias, como terminar o muro e colocar portão. Atualmente, 53 famílias vivem no empreendimento.
A construtora entrou com ação de reintegração de posse e o grupo, na defesa enviada à Justiça, pediu a posse por usucapião. O processo ainda não teve um desfecho.
“Nós sabemos que isso aqui não é nosso, mas antes era um ninho de vagabundos. Assumimos até uma dívida de água que havia. O valor foi dividido entre todos os moradores. Só queremos dignidade”, pontua.
Transtornos – A falta de energia não apenas incomoda como preocupa os moradores do condomínio. Há vários doentes no local que precisam manter remédios refrigerados e outros fazem inalações periódicas.
É o caso da auxiliar de serviços-gerais Luciana Vieira, 23 anos. O filho de 8 meses dela tem Síndrome de Down, problemas cardíacos e pulmonares. “De quatro em quatro horas ele tem que fazer inalação. Sem energia, não tem como. Vou ter que fazer na cada da minha mãe”, afirma.
O mesmo ocorre com Zuzilei Oliveira, 29 anos, dona de casa. “Minha filha tem asma e depende de inalação três vezes ao dia e o remédio tem que ficar na geladeira. Aqui ninguém quer ficar no ‘gato’. Já estamos pagando água, se cobrasse a luz, também iríamos pagar”, afirma.
A Energisa foi procurada para falar sobre o corte que pôs fim ao "gato" no condomínio, mas não retornou ao email até a publicação desta matéria.