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Capital

Investigada por desvio de bens e abuso, diretora alega perseguição

Zana Zaidan | 15/04/2014 19:21
Na reunião, Dinalva apresentou aos pais fotos dos passeio que o MPE apura se de fato aconteceu (Foto: Simão Nogueira)
Na reunião, Dinalva apresentou aos pais fotos dos passeio que o MPE apura se de fato aconteceu (Foto: Simão Nogueira)

Investigada pelo Ministério Público Estadual, a diretora da Escola Municipal José Mauro Messias da Silva, no bairro Moreninha IV, nega todas as acusações e alega “perseguição”. Segundo Dinalva Domingos Morais, funcionários de dentro da própria escola estão de olho no cargo dela, e usaram da mudança de gestão na prefeitura de Campo Grande para tirá-la do posto.

“Suspeito quem seja o responsável pelas denúncias, mas não posso afirmar, já que foram anônimas. Acredito que a pessoa queria ocupar ou indicar alguém para o meu lugar”, afirmou hoje (15), durante reunião na escola. A diretora convocou pais de alunos para esclarecer a investigação do MPE, iniciada no dia 27 de agosto do ano passado, além de sindicância aberta pela prefeitura, instaurada um mês depois.

Dinalva conta ter assumido a direção em 2010, quando a escola foi inaugurada, durante a gestão do ex-prefeito Nelson Trad (PMDB). “Fui convidada pela então secretária municipal de Educação, Maria Cecília Amendôla da Motta, simplesmente por uma questão de mérito. Estava há sete anos como diretora adjunta de outra escola e, como várias estavam sendo abertas, quem se destacava subia de cargo”, explica.

Desde o ano passado – quando Bernal assumiu a prefeitura - ela passou a ser “boicotada” pela administração municipal, acrescenta. “Essa prestação de contas de hoje, por exemplo, estava programada para ser feita em outubro. Informei à Semed (Secretaria Municipal de Educação), e não me autorizaram, na época”.

Os pais foram convidados a conhecer a sala de informática (Foto: Simão Nogueira)
Os pais foram convidados a conhecer a sala de informática (Foto: Simão Nogueira)

Ela também não concorda com a forma como a sindicância da prefeitura foi conduzida. “Chegaram aqui na escola no dia 9 de outubro, e um deles nem me deixava falar, só dizia ‘Nem adianta mentir que eu já sei de tudo’. Me senti acuada”, conta. Segundo ela, oito testemunhas foram arroladas pela Comissão de Sindicância para depor, mas ela não pôde indicar nenhum. “Tudo carta marcada. Um deles era um professor que vem uma vez na semana, e outra uma funcionária que trabalhava aqui há apenas um mês, ou seja, eles não tem conhecimento de causa”.

Concluído em fevereiro, o trabalho da sindicância constatou “falta de conduta compatível com a moralidade administrativa e ética profissional” de Dinalva. O parecer foi encaminhado à Procuradoria Geral do Município e foi aberto processo administrativo disciplinar.

Acusações – Sobre as acusações, a diretora afirma ter recolhido provas documentais que atestam que são inverídicas. Entre elas, eventos que seriam realizados, sem detalhamento do uso dos lucros. “A prestação de contas está pregada no mural da escola, para quem quiser ver. Não só hoje, mas todos os dias”, garante.

Outra questão seria a venda de merenda em um dos eventos – cachorro quente teria sido vendido, enquanto o pão é fornecido pela prefeitura. Dinalva apresentou ao Campo Grande News um documento assinado por Jurandyr Domingues de Oliveira, líder comunitário do bairro, declarando que ele foi o fornecedor dos pães.

Em outro evento, uma gincana, a reclamação surgiu porque ela levou os alunos a “arrecadar alimentos, brindes e dinheiro” pelo bairro, com a alegação de montar cestas básicas para doar aos mais carentes do bairro.

“Levamos, sim, para promover a inclusão das crianças nestas questões sociais. É uma prática tradicional na Rede de Ensino, não só na municipal, mas na estadual também. O prêmio prometido para os alunos vencedores, um passeio ao Circo, foi realizado, ao contrário do que diz a denúncia”, afirma.

Sobre o suposto de bens, como computadores, e desleixo na limpeza, Dinalva é taxativa ao afirmar que não passa de “calúnia”. “Nossa escola é limpa exemplarmente organizada. Parece escola particular. Todos os computadores estão na sala de informática, nosso maior orgulho, ou no administrativo”, resume.

Andreia afirma estar satisfeita com a administração da escola (Foto: Simão Nogueira)
Andreia afirma estar satisfeita com a administração da escola (Foto: Simão Nogueira)

Pais – O fato de a diretora ser investigada se espalhou pelo bairro. Os pais presentes na reunião de hoje viram com bons olhos o convite de Dinalva para prestar esclarecimentos. “Estava rolando uma fofoca entre os pais, mas confesso que fiquei surpresa quando soube que era verdade. Não tem lógica, ela aparenta ser alguém que se dedica a vida à escola. Não tenho do que reclamar”, afirma a aposentada Maria de Lourdes Cruz, cuja filha de 15 anos freqüenta há dois a escola.

Mãe de outros dois alunos, de 8 e 10 anos, a auxiliar de serviços gerais Andréia Cristina Dias não sabia que a diretora era investigada, mas acredita que os filhos recebem educação de qualidade. “Todos comentam que essa escola é uma das melhores, das mais concorridas. Foi meu filho que contou ontem o motivo dessa reunião e estranhei, porque eles nunca reclamaram de nada”, diz.

A escola funciona em período integral, e recebe 1,2 mil alunos, das 7 às 22 horas. São 38 professores e 37 cargos administrativos.

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