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Capital

Jogo do bicho é renda e passatempo para cambistas idosos e aposentados

Ricardo Campos Jr. | 18/03/2011 12:48

Venda de bilhetes continua apesar de operação da Polícia

Apostador foi flagrado pelo Campo Grande News em ponto de venda na Rui Barbosa. (Foto: João Garrigó)
Apostador foi flagrado pelo Campo Grande News em ponto de venda na Rui Barbosa. (Foto: João Garrigó)

Com talões do jogo do bicho escondidos nos bolsos, vários cambistas permaneciam sentados durante a manhã desta quinta-feira em frente de bancas fechadas à espera de apostadores, depois de operação policial na quarta-feira. Muitos deles são idosos e aposentados, que se valem da atividade ilegal para obter renda ou simplesmente para passar o dia.

Quem aposta, também garante que nunca o jogo terá fim e conta até com facilidades, como escolher o "bicho" pelo telefone. Número para ligações é impresso no papel de aposta e uma facilidade contra a fiscalização. Porém, o serviço é só para "conhecidos" dos apontadores.

Em um dos bairros localizados na saída para Três Lagoas, o ponto de venda do jogo de azar estava trancado. Perto dali, sentado em uma mesa de bar, estava o responsável pelo local, acompanhado por dois idosos que se definiram como apostadores assíduos.

“Eu jogo porque eu gosto. Às vezes você vai, tem um sonho que é o palpite do dia e assim vai”, disse o aposentado de 77 anos, que afirma ter sido também um cambista e vendia bilhetes no comércio que tinha. Ele explica que o jogo do bicho é como um hobby e concorda que, de certa forma, já se incorporou à cultura do campo-grandense.

O aposentado diz ainda que, apesar de saber da ilegalidade, a atividade é antiga e várias foram as tentativas de coibi-la. Entretanto, o alvo acaba sendo os vendedores de bilhetes e não os organizadores dos sorteios clandestinos.

Já o cambista, um homem de 49 anos, afirma não ter conhecimento a respeito do destino do dinheiro das apostas e afirma: “quem faz isso é ou porque não tem renda ou porque faz há muito tempo”.

Para o aposentado de 77 anos, a proibição da atividade é um dos próprios fatores que “da graça” no jogo do bicho. Ao ouvir a sugestão de legalizar a atividade para evitar novos problemas aos cambistas diz: “se permitir o jogo do bicho, acaba”.

Eterno - No lado oposto da cidade, perto da região Central, um homem que aparentava ter cerca de 60 anos foi flagrado pelo Campo Grande News vendendo bilhetes para um apostador.

Ao ser questionado a respeito da ilegalidade, tendo em vista a operação policial em que os cambistas acabaram parando na delegacia, disse não se importar, pois “o jogo do bicho não acaba não”.

A operação foi desencadeada na última quarta-feira (16). As equipes percorreram a cidade e levaram ao menos 32 cambistas para a delegacia para depor. Eles assinaram um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência).

A partir do depoimento dos envolvidos a Polícia Civil irá iniciar investigações com o objetivo de chegar a outras pessoas ligadas ao crime. Mais de R$ 2.500 em cédulas foram apreendidos nos estabelecimentos, além de talões e cartelas com o resultado do jogo do dia.

Um homem apontado como moto-entregador, que recolhia o dinheiro dos pontos diariamente, também foi detido.

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