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Capital

Juiz ouve sete testemunhas sobre morte de funcionário público

Ana Paula Carvalho | 23/05/2011 19:58

Elas afirmaram que o acusado pela morte sabia que a arma estava carregada

Guilherme chora enquanto aguarda juiz ouvir testemunhas da defesa (Foto: João Garrigó)
Guilherme chora enquanto aguarda juiz ouvir testemunhas da defesa (Foto: João Garrigó)

Na tarde desta segunda-feira (23), o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Juri, Aluízio Pereira dos Santos, ouviu sete testemunhas de acusação durante audiência sobre a morte do funcionário público Ítalo Marcelo de Brito Nogueira, aos 27 anos. Ele foi morto pelo filho de um policial, com arma funcional, em junho do ano passado, durante uma festa na Vila Piratininga.

As testemunhas afirmaram que o clima na festa onde aconteceu o crime era de amizade e, que Guilherme Henrique Santana de Andrea, 22 anos, acusado pela morte, não pegou a arma do pai com a intenção de matar o funcionário público, mas que ele sabia que a espingarda calibre 12 estava carregada.

Uma prima da vítima que não quis se identificar, relatou que Guilherme foi até a viatura da Polícia Civil descaracterizada, que era utilizada pelo pai dele, o policial civil Pedro Vladimir de Andrea, pegou a arma e saiu apontando para as pessoas. Momento em que, mais uma vez, foi alertado sobre a arma estar carregada.

Outra testemunha que pediu para não ser identificada, disse que o pai do réu estava com a espingarda calibre 12 e com uma pistola ponto 40. Ele deu dois disparos com a pistola e mostrou a espingarda. A dona da casa onde acontecia a festa pediu que ele não fizesse mais isso e guardou a pistola.

O policial civil, pai de Guilherme, que era lotado na Denar (Delegacia de Narcótico) quando Ítalo morreu, foi suspenso e transferido para a Acadepol (Academia de Polícia). Ele confirmou que deu dois disparos com a pistola, mas disse que fez isso para testar a arma, já que estava sendo ameaçado por conta do trabalho como investigador.

Ainda de acordo com ele, a utilização da espingarda havia sido liberada pela corporação, devido essas ameaças. Ao Campo Grande News, Vladimir afirmou que não tem o que dizer. “Eu não tenho o que falar. Só lamentar e chorar”, diz.

O advogado assistente de acusação, Alexandre Torres, disse que ainda é muito cedo para afirmar se houve dolo no ato de Guilherme. Segundo ele, ainda é preciso ouvir as testemunhas de defesa e o interrogatório do réu.

Para o pai de Ítalo Marcelo, houve irresponsabilidade por parte de Vladimir, já que o policial civil deixou a espingarda carregada e destravada dentro da viatura da polícia.

“É irresponsabilidade desse pai que é policial e deixou a arma destravada. Se eu soubesse que ele estava armado tinha tirado meu filho de lá na hora”, afirma Ítalo Nogueira, 55 anos.

Muito emocionado, ele pede que Guilherme pague pelo crime. “Quero apenas justiça. Quero que ele (Vlademir) sinta o que eu senti quando perdi meu filho”, diz.

Guilherme caiu de moto a caminho da audiência e apareceu com escoriações. Ele acompanhou o depoimento de cinco testemunhas, as outras duas pediram para ele se retirar. O jovem chorou durante alguns momentos.

Duas das nove testemunhas arroladas pela justiça não compareceram. A próxima audiência está marcada para o dia 16 de junho. Três testemunhas de defesa serão ouvidas.

O caso- Guilherme é acusado de matar Ítalo com um tiro acidental disparado de uma espingarda pertencente a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública). A arma estava com o pai dele, que também estava no local do crime.

Vítima e autor participavam de uma festa em uma residência e em um determinado momento Guilherme pegou a arma do pai e então houve o disparo acidental que matou Ítalo.

Testemunhas disseram que o filho do policial havia ingerido bebidas alcoólicas e também que ficou mostrando a arma para as pessoas que lá estavam sem nenhum cuidado.

Ítalo trabalhava no Detran e era estudante de Direito na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Acusação- Guilherme responde por homicídio doloso (com intenção de matar). A acusação entendeu que ele assumiu o risco de matar ao manusear a arma. O pai dele, Pedro Vladimir responde a processo na 3ª Vara Criminal e respondeu a sindicância na Polícia Civil, pois estava com viatura sem estar em serviço.

A família de Ítalo contratou advogado para atuar como assistente de acusação do MPE. Edgar de Souza Gomes é o profissional contratado. Ele declarou que será verificado, após a oitiva das testemunhas de defesa, em 16 de junho, a possibilidade de denunciar também o policial civil pelo homicídio.

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