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Capital

"Justiça conforta, mas não traz ele de volta", diz viúva de taxista morto

Nadyenka Castro | 15/12/2011 19:21

A dona de casa, um filho de Daniel de Manoel Dudu e outras nove pessoas foram ouvidas nesta quinta-feira. As testemunhas falaram sobre o crime e também sobre a vítima

Taxista foi assassinado após corrida, no Jardim Nascente do Segredo. (Foto: Simão Nogueira)
Taxista foi assassinado após corrida, no Jardim Nascente do Segredo. (Foto: Simão Nogueira)
Wesley foi preso enquanto pescava no rio Aquidauana. Ao ser apresentado à imprensa, ele chorou. (Foto: João Garrigó)
Wesley foi preso enquanto pescava no rio Aquidauana. Ao ser apresentado à imprensa, ele chorou. (Foto: João Garrigó)

Vestida com camiseta estampada com o rosto do esposo assassinado na manhã do dia 26 de agosto, em Campo Grande, a dona de casa Lucilene Silva Rosa Dudu, 38 anos, pede que justiça seja feita e diz que ela e os filhos tentam “continuar a vida”.

Ela era casada havia 10 anos com o taxista Daniel Manoel Dudu, morto após uma corrida do estádio Morenão ao Jardim Nascente do Segredo, e na tarde desta quinta-feira foi uma das 11 testemunhas arroladas pela acusação a depor no processo contra Wesleys.

“Justiça conforta, mas não traz ele de volta”, disse a dona de casa ao Campo Grande News, minutos antes de entrar na sala de audiências da 1ª Vara do Tribunal do Júri, presidida pelo juiz Alexandre Ito. Wesley acompanhou todos os depoimentos.

Relatos - A primeira pessoa a prestar depoimento foi a adolescente de 17 anos, que havia sido companheira de Wesley e estava com ele no momento do crime. Ela contou que ela e o rapaz estavam embriagados e ele sob efeito de cocaína e que não foram juntos ao estádio Morenão. Se encontraram do lado de fora do evento que era realizado no local e de lá foram embora juntos, no táxi de Manoel Dudu.

A garota contou também que ao chegar no local indicado por Wesley, há aproximadamente duas quadras da casa dele, ele desceu para buscar dinheiro e ela permaneceu no táxi. O taxista andou cerca de uma quadra com ela dentro em baixa velocidade e em seguida o acusado chegou, em uma bicicleta, discutiu com o taxista e atirou duas vezes. “Saí quando escutei o primeiro tiro. (...) Saí correndo e fui para a caso do meu amigo”, conta.

O amigo a quem a adolescente se refere também foi questionado sobre o que viu na manhã do dia 26 de agosto. Ele declarou que ele, a amiga e Wesley estavam embriagados e que ela chegou à casa dele desesperada e falando e que o ex-marido havia atirado em uma pessoa.

Depois disso, todos foram conferir o que ela havia dito e encontraram o taxista já caído no asfalto, com sangramentos e em seguida sendo socorrido. Minutos depois, a PM (Polícia Militar) foi até a casa do rapaz e lá apreenderam a garota que contou o que havia acontecido e também o endereço do autor do crime, que não foi localizado.

Dois policiais militares foram ouvidos nesta quinta-feira. Um deles relatou que a adolescente estava embriagada, que falou que Wesley era quem havia matado o taxista e que o motivo era o valor cobrado pelo trabalhador pela corrida.

Também prestaram depoimento uma rapaz que passava de motocicleta pelo local. Este falou que ouviu os tiros e que viu Wesley colocando algo na cintura e fugir em uma bicicleta em alta velocidade.

O jovem que emprestou a bicicleta a Wesley também foi ouvido e por diversas vezes foi advertido de que falso testemunho é crime. Ao contrário dos relatos do motociclista, este contou que sua bicicleta estava ao lado do veículo Palio Wekend, dirigido pela vítima.

Segundo este garoto, ele saía da casa da namorada quando se deparou com Wesley, que lhe pediu o veículo emprestado. Em seguida ouviu os disparos e depois viu o taxista morto e sua bicicleta próxima.

Um tio do acusado está entre as testemunhas e negou ter dado fuga ao sobrinho, apesar de admitir que conhece bem o local onde o Wesley foi preso pescando no dia 6 de setembro.

A viúva e um filho de Manoel Dudu declararam que o taxista era o provedor financeiro da atual família - ela e um casal de gêmeos de seis anos - que agora fazem tratamento psicológico.

Depois que o taxista morreu, a dona de casa e os filhos dependem da ajuda dos outros filhos de Manoel Dudu. Um deles trabalha como taxista no mesmo ponto em que o pai ficava.

Drogas - Wesley também é acusado de tráfico de drogas. Na casa dele a PM encontrou porções de maconha e cocaína - na geladeira e em um armário - e ‘saquinhos’ para embalar entorpecentes.

Apenas uma das pessoas conhecidas do casal afirmou saber que o rapaz vendia drogas. As demais declararam que Wesley e a mãe do filho dele - de oito meses - são usuários.

Os policiais militares afirmaram que, pela experiência que possuem, as drogas encontradas na casa seriam para venda.

Prisão - A adolescente foi apreendida no dia do crime e ficou dois meses na Unei (Unidade de Internação Educacional). Wesley está preso desde o dia 6 de setembro.

O filho do casal é cuidado pela adolescente, com ajuda de familiares dela e de Wesley.

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