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Capital

Justiça ouve testemunhas, vítima e professor acusado de pedofilia em escola

Ana Paula Carvalho e Francisco Júnior | 03/06/2011 20:03
Hoje, menino estuprado em escola "vive a base de remédios". (Foto: Francisco Júnior)
Hoje, menino estuprado em escola "vive a base de remédios". (Foto: Francisco Júnior)

Na tarde desta sexta-feira (03) o juiz da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, Danilo Burin, ouviu testemunhas de defesa e acusação, vítima e o acusado de abusar sexualmente de um menino de 11 anos em uma escola da rede municipal de ensino no ano passado.

A audiência que durou mais de três horas teve 25 testemunhas arroladas, 11 de acusação e 14 de defesa. Destas, oito eram crianças. A vitima, hoje com 12 anos, foi o segundo a ser ouvido. Além dele, o pai, a mãe, o melhor amigo, duas psicólogas e uma assistente social. Aproximadamente 10 testemunhas foram liberadas pelo juiz.

O professor de português,46 anos, acusado de pedofilia, chegou para depor por volta das 16h escoltado por policiais, nesse momento, a família da criança já havia ido embora. Após ser ouvido, ele saiu da sala de audiência, abraçou a esposa e chorou. “Meu marido não fez isso”, disse ela.

Segundo o advogado de acusação, Mário Sérgio Rosa, durante o depoimento o acusado negou que tenha abusado do menino.

Os pais do menino estavam muito abalados e indignados com o tudo o que aconteceu. “A vida da minha família virou de cabeça para o ar. Nunca vi pedófilo na cadeia”, indigna- se o pai da vítima.

Suicídio- O trauma causado pela violência a um menino que mesmo com a pouca idade já carrega o peso de ter sido vítima de um crime bárbaro, afeta toda a família. Em um determinado episódio a mãe foi pega de surpresa por uma crise de medo da criança. “Meu filho tremia a noite quando me via. Daí ele me falou: ‘Você parece com o meu professor’”, disse chorando.

Ainda de acordo com ela, mesmo após meses de tratamento psicológico ele continua tentando o suicídio. E foi a partir de uma dessas tentativas que a desconfiança de que algo estava errado começou. Em novembro do ano passado, antes de contar sobre o que estava acontecendo, ele tentou se jogar do carro. A mãe procurou ajuda de uma psicóloga. Foi ela, quem deu a ideia do que ele poderia fazer para contar o que estava acontecendo, já que não tinha coragem.

Mãe e filho, até hoje não conseguem dormir direito. Ele sempre passa mal, chora, tem vômitos, quase não vai as aulas. E sempre que vai passa mal. Para não ficar sem estudar, duas vezes por semana, um professor cedido pelo município vai a casa dele dar aulas. “Sempre que ele vai à escola, senta na primeira carteira e a porta fica aberta, porque ele sempre passa mal”, afirma a mãe.

Ele foi diagnosticado com pânico pós-traumático e hoje precisa tomar remédios controlados. “Um menino lindo, sadio e educado. Hoje vive a base de remédios controlados”, lamenta.

Bilhete- Segundo a psicóloga, Adriana Motta, demorou cerca de um mês para que ele contasse o que estava acontecendo. Ela sugeriu que se ele tivesse alguma coisa para dizer, que falasse a um amigo. Foi exatamente isso que ele fez. Mas foi por um bilhete de apenas duas linhas em uma folha de papel que ele teve coragem de dizer ao melhor amigo que era obrigado a fazer “sexo oral” no professor.

A família acredita que ele tenha sido abusado por pelo menos 11 vezes.

Nova perícia psicológica- Segundo o advogado de defesa, Mário Sérgio Rosa, a acusação pediu que a criança seja encaminhada a um novo psicólogo para que seja feito um laudo. Segundo ele, se o juiz acatar a solicitação, a defesa encaminhará um assistente para acompanhar.

De acordo com a mãe, a defesa quis sustentar a hipótese de que a vítima tem problemas psicológicos, por isso a família pagou um psiquiatra para fazer uma pericia e, nada foi detectado.

O advogado de defesa, Maurício Vieira Góis Júnior, não confirmou essa informação. Ele disse a equipe do Campo Grande News que pediu uma nova perícia psicológica porque no processo conta apenas a perícia apresentada pela acusação e, como nem o Ministério Público e nem a polícia pediram o exame, a solicitação da repetição do procedimento é uma forma de ser justo. O advogado não quis dar mais informações porque o caso corre em segredo de justiça.

O caso- O professor de 45 anos é acusado de estuprar o menino dento da sala de aula de uma escola municipal de Campo Grande. Segundo a polícia, há indícios de que os abusos tenham acontecido várias vezes, o caso veio à tona apenas em janeiro quando o menino relatou aos pais o abuso ocorrido no dia 10 de setembro do ano passado.

Ele disse que era obrigado a fazer sexo oral no professor sempre após as aulas. O acusado fechava as cortinas e obrigava a criança com o uso de revólveres e facas.

O acusado era professor de português em estágio probatório, mas trabalhava na escola como orientador desde 2008.

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