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Capital

Justiça tira guarda de pai que usava crianças para pedir doações

Nadyenka Castro | 02/10/2012 16:21
Crianças mais velhas do casal, na residência. Agora, as duas e a de oito meses estão em abrigo. (Foto: Simão Nogueira)
Crianças mais velhas do casal, na residência. Agora, as duas e a de oito meses estão em abrigo. (Foto: Simão Nogueira)

Estão em um abrigo de Campo Grande as três crianças cujo pai usava a imprensa para conseguir doações e exames médicos para a esposa e os filhos, mesmo recebendo benefícios sociais e faltado à diversas consultas agendadas.

O menino de três anos, a menina de um ano e 10 meses e a outra de oito meses estão sob responsabilidade do Estado desde o fim da tarde dessa segunda-feira por determinação judicial.

A retirada das crianças da guarda do pai e da mãe é resultado de diversas visitas à família feitas pelo Conselho Tutelar e também pelo setor psicossocial da Secretaria Municipal de Políticas e Ações Sociais e Cidadania.

De acordo com apurado pelo Campo Grande News, a situação da família começou a ser acompanhada por autoridades em proteção à criança em julho de 2011, após o menino ser internado duas vezes, em dois dias consecutivos, por intoxicação por medicação no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.

Ele chegou ao hospital no dia 7 às 13 horas, recebeu alta na manhã do dia seguinte e recebeu alta à tarde. No entanto, o pai ‘fugiu’ do hospital com a criança mesmo com orientação médica para internação e tomografia.

O Conselho verificou que a mãe das crianças toma remédio controlado para epilepsia e o menino ingeriu o medicamento por descuido dela. Foram feitas orientações à família quanto aos cuidados e também sobre matrícula na educação infantil.

Também foi verificado que a família não seguia orientações prescritas após atendimentos no Hospital Regional.

Cinco meses depois, o pai pediu ajuda à imprensa para abrigamento do filho mais velho, que na época tinha dois anos.Ele ficou dois dias em abrigo e depois foi entregue aos pais.

A partir desta situação, foram feitas várias visitas à família, que mudou de endereço algumas vezes. Psicólogos e assistentes sociais flagraram o pai nervoso, familiares contaram sobre ameaças e agressões feitas por ele e também sobre falta de zelo com os filhos. Em pelo menos duas ocasiões a residência estava em condições precárias de higiene.

Um familiar do pai contou que havia suspeitas que ele fosse usuário de entorpecentes e que em uma ocasião o flagrou, na madrugada, com dois filhos, em um matagal.

Foi constatado que o pai é o responsável por cuidar das três crianças e da esposa, que não tem condições de ficar sozinha devido à desmaios, porém, ele não cumpre as orientações feitas pelas autoridades: não vai às consultas e exames agendados e descuida da dinâmica e da higiene do ambiente doméstico.

Também foi verificado que ele utiliza dos filhos e da imprensa para conseguir doações, mesmo recebendo benefícios sociais. Em agosto deste ano, o pai procurou o Campo Grande News alegando que não conseguia agendar exames para a família. Outros jornais também contara o caso.

A orientação do serviço psicossocial – composto por assistente social, psicólogo e advogado – foi de abrigamento das crianças, com tratamento de saúde para elas e para os pais, em especial à mãe.

“... pode-se considerar que as crianças em questão estão com seus direitos fundamentais violados em decorrência de negligência do genitor, visto que todos os encaminhamentos pertinentes ao caso foram repassados e insistentemente explicados, porém não foram cumpridos pelos responsáveis legais”, consta.

Diante da situação, a Vara da Infância, da Juventude e do Idoso determinou o recolhimento das crianças, que estão em abrigo.

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