Laudo aponta abuso sexual em menina de 7 anos; prima de 14 é suspeita
Os sintomas vieram devagar, mas perceptíveis aos olhos da mãe. Aos 7 anos, a menina começou a apresentar um comportamento agressivo na escola, não queria mais ler e nem escrever, ficou mais quieta e sempre que ficava nervosa com alguma situação começava a puxar os próprios cabelos.
Atenta, a mãe percebeu que algo não ia bem com a criança. A suspeita de abuso sexual foi confirmada no laudo psicológico feito no Conselho Tutelar, em Campo Grande. Mas o que a família menos esperava era que a autora do aliciamento fosse a prima da menina e que os abusos ocorressem dentro de casa, no banheiro.
Em poucas linhas, a psicóloga do Conselho Tutelar que atendeu a criança descreveu o quadro clínico dela: “abuso sexual, depressão e comportamento suicida em investigação”.
Em outro documento, a psicóloga detalha o relato da criança sobre o aliciamento, no qual ela contou que a prima, de 14 anos, a levava ao banheiro e passava as mãos pelo corpo dela e a tocava nas partes íntimas, sempre sob ameaça para que ela nunca contasse a alguém o que acontecia.
A vítima também relatou que certo dia chegou a ser machucada e até reclamou ao avó, mas, de acordo com o documento, ele não nem procurou saber como foi que a menina havia se machucado.
A denúncia ocorreu no último dia 17 de abril. Desde então, a criança vive uma rotina confusa, na qual precisou mudar de escola, começou a fazer sessões de terapias, foi morar em outra casa com a mãe e evita o convívio social com algumas pessoas.
Junto de tudo isso, também veio a separação dos pais. Segundo a mãe da criança, que não terá o nome divulgado para evitar a identificação, a suspeita de ser autora dos abusos é prima do ex-marido e o aliciamento ocorria quando a menina ficava na casa dos avós paternos enquanto ela trabalhava.
A mãe, enfermeira, de 31 anos, também registrou boletim de ocorrência de violência doméstica e ameaça contra o ex-marido. “Ele me agrediu, minha filha nem chega perto dele, tivemos que mudar de casa, tive que sair do emprego para cuidar dela, a nossa vida virou um pesadelo”, desabafa a mulher.
De acordo com a delegada titular da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), Rozeman Geise Rodrigues de Paula, foi expedido o mandado de intimação à acusada de ter cometido o abuso sexual para comparecer à delegacia prestar depoimento sobre o caso.
Ainda segundo a delegada, foi feito exame de corpo de delito na criança, que será anexado ao laudo. Em relação à violência doméstica e às ameaças, a investigação está na DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
A partir da denúncia, a família descobriu que a adolescente de 14 anos também molestava outra criança de 4 anos de idade. Os dois casos estão sendo investigados pela polícia.
Casos como esses, de abuso sexual no qual o autor é um membro da família, são comuns, principalmente nesta fase de pré-adolescência. A delegada Rozeman afirma que a incidência de abuso cometido por meninas é menor do que por meninos.
O caso também foi encaminhado pelo Conselho tutelar, órgão que recebeu a denúncia, ao Ministério Público Estadual, Caps Pós-Trauma, Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) e Deaij.