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Capital

Lei existe, mas poucos sabem como descartar medicamento sem serventia

Luciana Brazil | 26/08/2013 09:09
Destino de muitos medicamentos é o lixo.
Destino de muitos medicamentos é o lixo.

Sem local adequado (ou pelo menos divulgado) para descarte de medicamentos vencidos ou já sem serventia, quem mora em Campo Grande acaba não tendo opção e muitos jogam no lixo o que poderia ter outro destino. 

Segundo dados do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), 80% dos remédios vencidos estão nas residências. A incineração dos medicamentos é a forma correta de eliminá-los, mas tem de ser feita em locais com estrutura para isso.

Ainda que a maioria não se preocupe com a destinação final desses produtos, o risco de jogá-los no lixo é imenso, como explica o presidente regional do CRF/MS, Ronaldo Abrão.

Além dos medicamentos poderem ser reutilizados por pessoas sem instrução, gerando males à saúde, a contaminação do meio ambiente é uma dos fatores mais preocupantes.

“Jogar esses medicamentos no lixo é um risco enorme. Esses remédios se infiltram no solo, contaminam a água, e voltam para nossas casas. Claro que a água é filtrada, tratada, mas nenhum tipo de agrotóxico ou de produtos químicos, como os remédios, são retirados da água, nem mesmo parcialmente”.

Ronaldo explica que as bactérias que circulam nos córregos, na água suja, entram em contato com os antibióticos, já diluídos na água, que então chegam até os canais depois de serem lançados pelas torneiras, por exemplo. Esse contato torna algumas bactérias resistentes aos antibióticos, o que pode causar contaminações generalizadas de super bactérias.

“Existe uma previsão da OMS (Organização Mundial de Saúde) de que surgirão doenças não tratáveis com antibióticos, caso nada seja feito”.

Em 2003, a super bactéria “Pseudomonas aeruginosas” multirresistente gerou pânico no Hospital Regional Rosa Pedrossian de Campo Grande.

Como se livrar deles?Conforme o CRF, as farmácias não têm obrigação de recolher os medicamentos de descarte. Porém, mesmo assim, a orientação do conselho é que os clientes devolvam os remédios nos estabelecimentos onde foram comprados.

Ao contrário do CRF, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirma que todos os estabelecimentos que comercializam medicamentos estão obrigados, por lei, a receber os remédios vencidos.

Ainda segundo a secretaria, a população pode descartar os medicamentos nas farmácias das unidades de saúde do município. 

Empresas privadas, especializadas em recolher estes medicamentos, prestam serviço para algumas farmácias na Capital, como a rede São Bento. Porém, como o serviço de descarte é pago, de acordo com a quantidade arrecadada pelas empresas, a divulgação não é feita com tanto vigor.

Consciência -   A servidora pública Janaína Laura Moreira, 35 anos, é uma das raridades quando o assunto e o destino certo. Para ela, descartar no lixo é uma irresponsabilidade.

“Eu e minha mãe temos vários remédios, mas não queremos jogar no lixo. Nem comprimidos e nem os líquidos gosto de jogar na pia”, relatou.

Janaína diz que há um ano tenta se livrar de remédios que não usa mais ou que já até venceram. “A gente compra um medicamento para um problema específico e nunca mais usa. O remédio acaba ficando guardado”.

Há algum tempo, Janaína procurou uma farmácia para fazer o descarte, mas foi informada que o local adequado seria a Casa de Saúde. “Quando cheguei lá me disseram que era para eu voltar até a farmácia”.

Ela chegou a fazer uma pesquisa sobre o assunto, mas não encontrou nada como referência na Capital. “Geralmente as pessoas não se preocupam com isso, mas agente sempre se importou”, frisa.

Lei - Em 2010, por indicação do CRF, foi criada a lei 168/10, que autoriza o poder Executivo a implantar pontos de coletas de medicamentos vencidos. A lei foi sancionada, mas nunca saiu do papel, segundo o Conselho.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estuda uma política reversa, que determinaria as próprias indústrias a recolherem os medicamentos. Porém, os trâmites de recolhimento não foram definidos.

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