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Capital

Lei obriga "teste do coraçãozinho" e pode salvar crianças em MS

Helton Verão | 27/05/2014 15:58
Bruna durante a gravidez de Leonardo (Foto: Arquivo pessoal)
Bruna durante a gravidez de Leonardo (Foto: Arquivo pessoal)
Leonardo no nascimento (Foto: Arquivo pessoal)
Leonardo no nascimento (Foto: Arquivo pessoal)
Léo nasceu saudável, por seis meses precisou muito cuidado (Foto: Arquivo pessoal)
Léo nasceu saudável, por seis meses precisou muito cuidado (Foto: Arquivo pessoal)
Aos nove meses, a família até esquece do problema cardíaco, após ser colocado cateter (Foto: Arquivo pessoal)
Aos nove meses, a família até esquece do problema cardíaco, após ser colocado cateter (Foto: Arquivo pessoal)
Aos 10 meses, sorridente (Foto: Arquivo pessoal)
Aos 10 meses, sorridente (Foto: Arquivo pessoal)
A foto atual. Ele completa um ano no dia 3 de junho (Foto: Arquivo pessoal)
A foto atual. Ele completa um ano no dia 3 de junho (Foto: Arquivo pessoal)

Somente pessoas adultas têm problemas cardíacos. Este paradigma deve ser esquecido pela população. Afinal, muitos casos da cardiopatia congênita de recém-nascidos vêm sendo registrados, situação, que se não diagnosticado na gravidez, ou logo no nascimento, não garante muitos dias de vida ao bebê. Há três anos, lei estadual, do deputado Márcio Fernandes, exige procedimento - o exame de oximetria de pulso, o popular teste do “coraçãozinho” - que pode salvar 95% dos bebês diagnosticados com o problema.

Cardiopatia congênita é a anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação quando se forma o coração do bebê. Uma a cada 100 crianças nascidas vivas tem algum defeito no coração, porém em algumas crianças isto só é descoberto anos mais tarde.

Com o pequeno Leonardo, que completará um ano no mês de junho, foi descoberto no 5º mês de gravidez, através de um ultrassom mais minucioso. Médicos da Capital consideraram o caso como grave e quase que descartaram o nascimento da criança.

“Quando minha irmã descobriu, o médico constatou a má formação e pediu um exame mais especifico, um Ecocardiograma Fetal. Os diagnósticos dos médicos daqui eram os piores possíveis, que não nasceria vivo; que ela perderia o bebê ou que após nascer iria morrer. Deram 5% de vida para ele. Não me conformei com isso. Fui pesquisar, no outro dia, vi que era grave, mas não era o pior caso”, conta a publicitária Thays Dittmar Kuhnen, 27 anos.

“Fiquei sem chão, não sabia o que eu fazer. Primeiro a notícia que ele tinha um problema, tentamos recorrer a um obstetra. Disseram que ele não teria chance de sobreviver. Então minha irmã foi pesquisar, descobriu a ONG em São Paulo e na outra semana estávamos lá”, conta a mãe, Bruna de Albulquerque Dittmar.

A ONG citada pela mãe é a Associação de Assistência à Criança Cardiopata (AACC), Pequenos Corações, em São Paulo. Lá foi constatado que o problema do pequeno Léo não era o mais grave, pois afetava o lado direito do coração. “Ele tinha má formação do lado direito do coração, situação considerada mais simples de se tratar. Mais grave quando o lado esquerdo é mal formado”, explica Thays.

Toda família se empolgou com a possibilidade de Leonardo nascer bem. Sem plano de saúde a família criou uma força-tarefa, vendeu carro e bens para que Bruna ficasse em São Paulo para o tratamento.

Tudo correu bem, após um mês, um cateter foi colocado no coraçãozinho do bebê. “Quando nasceu, foi tudo bem, super saudável, deu alívio, fizemos o cateterismo, até esquecemos que ele é cardíaco, de tão normal que ele é”, comenta a mãe.

Leonardo agora está próximo de conseguir duas operações para a correção, mas pelo SUS (Sistema Único de Sáude) em São Paulo.

DataNo dia 12 de junho é celebrado o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita em Mato Grosso do Sul. Alias o primeiro estado a criar a lei estadual.

A lei estabelece que todos os recém-nascidos devem ser submetidos ao exame dentro da sala de parto. O Estado arcará com os custos do exame de oximetria de pulso. “Todo hospital é obrigado a ter o oximetro e fazer o teste. Muitas vezes não é feito por desconhecimento da família e descuido do hospital”, ressalta a representante da ONG no Estado, Liliane Caramel, 31 anos.

De acordo com a representante da AACC do Pequenos Corações, a demora conseguir uma consulta, evita que as pessoas descubram antes o problema e quando descobrem são obrigadas a tratar fora do Estado. “Se puder ser descoberto na gravidez é melhor e tem mais chances de tratar”, conta.

Liliane passou pela mesma situação que Bruna, mas não teve o mesmo sucesso, seu bebê tinha o lado esquerdo do coração comprometido, o que dificultou o tratamento, mas aumentou a luta. “As pessoas pensam que só adultos e idosos tem problema de coração. É um direito da gestante fazer Ecocardiograma Fetal, a lei já existe, estamos tentando fazer funcionar. O coração é o órgão mais importante, por mais difícil tem que procurar ajuda, não acontece só com adultos”, ressalta a representante.

A lei do exame de oximetria de pulso foi criada através do projeto do deputado estadual Márcio Fernandes (PT do B), em 2011. “É simples, barato e que toda maternidade deve oferecer o exame. Se descoberto, aumenta a chance de uma vida saudável em até 99%”, comenta o deputado.

O aparelho que realiza o exame do “coraçãozinho” tem um custo estimado de R$ 800, baixo se pensar em estrutura hospitalar.

A representação da Assistência à Criança Cardiopata, Pequenos Corações, deixa a disposição um telefone de contato para dúvidas e esclarecimentos sobre a cardiopatia congênita, (67) 9929-4962.

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