Mãe de menino abandonado foi a boate e ficou "sem dinheiro"

Maria de Fátima Ferreira Correia, 24 anos, que deixou o filho de 6 trancado dentro de casa e se alimentando apenas com manga durante cinco dias será indiciada por abandono de incapaz. Para a Polícia, a mulher disse que não voltou para casa porque estava devendo a boate onde trabalha e não tinha dinheiro para voltar e nem comida para levar para o filho.

A mulher se apresentou à Depca (Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente) na tarde desta terça-feira depois que o caso ganhou repercussão. Segundo a delegada responsável pelo caso, Regina Márcia Rodrigues, a Polícia já tentava localizá-la, no entanto ela foi até a delegacia depois de tomar conhecimento pela imprensa, de que o filho estava num abrigo.

Em depoimento ela disse que saiu de casa na terça-feira (9) e deixou comida e bolachas para o menino. Maria de Fátima trabalha como garota de programa na boate. “Ela disse que se voltasse, deixaria de ganhar”, comentou a delegada. A mãe alegou que não tinha condições de pagar ninguém para ficar com o filho e por isso o deixou sozinho.

Em um primeiro momento, ela negou que isso já tivesse acontecido, mas acabou confessando que já deixou o menino em casa daquela forma, mas não por tanto tempo. Questionada sobre o por quê não pediu que a irmã, que foi junto dela à Polícia, para cuidar do menino, Maria de Fátima respondeu que não queria sobrecarregá-la, porque a mulher já tem cinco filhos.

A Polícia ainda vai ouvir testemunhas, principalmente os vizinhos que podem dizer da frequencia com que a criança ficou sozinha.

O menino permanece num abrigo. O caso vai para o juizado da Vara da Infância e Juventude onde cabe a decisão de permitir ou não que a mãe continue com a criança. A pena para o crime de incapaz é de até 3 anos de prisão.

Caso - A criança foi resgatada depois que vizinhos perceberam que o menino estava sozinho e acionaram a Polícia Militar, na manhã do último domingo. Depois de ir até o local, o Conselho Tutelar da região Sul informou ao Juizado de plantão sobre a situação e o menino foi acolhido em um abrigo.

A conselheira tutelar que atendeu a criança, Andréia Almeida Silva contou que quando a PM chegou na casa, o menino estava desorientado. Na casa, os militares confirmaram que o menino comia manga há cinco dias e que ainda havia uma bacia com outras frutas e algumas comidas apodrecidas em meio a toda sujeira.

Conforme o Conselho Tutelar, o filho não sabia dizer o que havia acontecido com a mulher e só repetia que a mãe tinha ido trabalhar. Na edícula onde a criança estava, de fora a aparência era de um local habitável. Porém, do portão para dentro já se via muito lixo e mato alto. Dentro, os vasos entupidos e tudo quanto é tipo de sujeira.

Ainda de acordo com a conselheira, o menino tinha sinais aparentes de abandono. A criança estava muito quieta e parecia ter receio de falar. Em entrevista com a psicóloga do Conselho Tutelar, ele disse com naturalidade “não é a primeira vez tia, que eu fico sozinho”.