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Capital

Mãe de menino de 6 anos morto suspeita de autor de furto de R$ 80

Nadyenka Castro e Mariana Lopes | 05/04/2013 14:20
Aparecida prestou depoimento à Depca. (Foto: Marcos Ermínio)
Aparecida prestou depoimento à Depca. (Foto: Marcos Ermínio)

A quinta-feira parecia ser mais um dia como todos os outros na rotina de Aparecida de Sena Golube, 40 anos. Ela saiu de casa, no Jardim Itamaracá, em Campo Grande, pela manhã para trabalhar, o filho de seis anos foi para a escola e voltou no horário de sempre. À tarde, foi a vez da filha de 10 anos ir para o colégio e do irmão ficar sozinho na residência.

Aparecida chegou em casa no horário habitual, por volta das 16 horas, e como todos os dias, bateu palmas e encostou a bicicleta no portão, esperando ouvir do filho que ele sabia que era ela quem estava ali, como falava sempre.

Mas Kauã de Sena Golube não falou e não foi ao encontro dela. Ela então entrou na casa e, no corredor, se deparou com o pequeno deitado no chão de costas, com os braços amarrados. Imaginou que fosse brincadeira, chamou o filho pelo nome e o “cutucou”. De novo ele não respondeu.

Aparecida sentiu que o filho estava gelado, o desamarrou, o virou e viu que ele também estava amordaço. Quando tirou o pano da boca, saía sangue de lá. Ao lado dele, um frasco de inseticida.

Ela pediu ajuda a vizinhos, uma delas pegou o menino no colo e disse a Aparecida que desse leite ao garoto. “Eu olhei para ele, dei um beijo e disse: eu perdi meu filho”, fala a mulher que trabalha em uma fábrica de biscoitos que fica perto da casa dela. O menino foi levado para a unidade de saúde mais próxima, porém, já estava morto.

Suspeita – Para Aparecida, a única pessoa que poderia fazer mal a família dela é um ex-vizinho, o qual teria se mudado há aproximadamente uma semana. Segundo ela, há cerca de um mês sumiu R$ 80 que estavam em um pote. O dinheiro seria utilizado para pagar a capa do sofá e o filho sabia.

Ao ver que o dinheiro não estava mais lá, questionou as crianças. O menino contou que o vizinho havia ido à residência, tomado suco feito por ele e mexido no pote.

Na versão de Aparecida, depois disso ela foi à casa do vizinho e o acusou de ter pegado o montante. Ele negou, os dois discutiram, ela foi embora e não falou mais sobre o assunto. Há uma semana ela não o vê mais na rua. A Polícia procura por ele.

Maça mordida será periciada. (Foto: Marcos Ermínio)
Maça mordida será periciada. (Foto: Marcos Ermínio)

Culpa – “Se o Conselho Tutelar quiser me punir, está certo. Foi uma negligência minha. Só que eu sempre criei meus filhos muito livres. Esse foi meu erro”, desabafa Aparecida, referindo-se ao fato de deixar as crianças sozinhas em casa enquanto trabalha

De acordo com ela, sem ter com quem deixar os filhos, sem conseguir vaga em projetos sociais e tendo que trabalhar, teve que ensiná-los a ficar sozinhos em casa. “Eu não tinha o que fazer. Não queria que eles passassem fome como eu já passei”, justifica.

Aparecida conta que só tem uma irmã em Campo Grande e que ela também trabalha e por isso não pode ficar com os sobrinhos.

A mãe diz que agora vai ter “cuidado redobrado” com a filha e que se arrepende de ter deixado-os em casa. Ela cria os dois sozinha desde que perdeu o marido, há dois anos.

Para ela, quem entrou na casa dele poderia ter levado tudo, menos matado Kauã “Levasse tudo que eu tinha na minha casa, que eu comprava em 15 vezes de novo. Só não levasse meu filho”.

Investigação – Não foram encontrados sinais de arrombamento no imóvel. No pescoço do menino havia algumas marcas e exame inicial não apontou violência sexual. O guarda-roupas de Aparecida estava revirado e ela deu falta de um aparelho de DVD. Na casa havia uma maça mordida.

A causa da morte foi asfixia. O corpo estava com características comuns em casos de ingestão de produtos químicos.

De acordo com a delegada responsável pela investigação, Regina Márcia Rodrigues, da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), o caso é tratado como homicídio doloso, mas, não é descartada a hipótese de latrocínio.

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