Mãe e filho suspeitos de matarem homem se apresentam e alegam legítima defesa
Perícia colheu as digitais dos dois para realizar exame que confirma ou não a versão de que os tiros foram dados pelo filho
Alegando legítima defesa, Dilma Gonçalves da Silva, 43 anos, e Robson Gonçalves da Silva Souza, 26 anos, suspeitos do assassinato de Alenilton Marcos Miranda da Costa, 30 anos, se apresentaram na tarde de hoje na 2° DP (Delegacia de Polícia).
Mãe e filho foram até a delegacia, acompanhados do advogado, Amilton Ferreira de Almeida, para prestar esclarecimento sobre o crime que aconteceu na última terça-feira (26).
Alenilton foi morto à tiros na casa em que morava com Dilma, no bairro Jardim Imperial.
Durante o depoimento, a perícia colheu as digitais de Robson para realizar o exame residuográfico que deve ficar pronto em 10 dias. O exame deve confirmar ou não a versão do filho de Dilma, que diz que os tiros foram dados por Robson, em legítima defesa.
De acordo com o delegado Weber Luciano Medeiros, Dilma afirmou que no dia do crime brigou com o marido. “A mulher disse que antes do desentendimento Alenilton estava bêbado e drogado”, disse Medeiros.
Ainda segundo o depoimento de Dilma, Alenilton estava guardando o carro na garagem e com a pistola 380 na cintura, no momento da confusão. “Ela afirmou que ele estava sempre com a rama na cintura”.
Alenilton teria apontado a pistola para Dilma e o filho teria tentado intervir. Os dois brigaram e Robson conseguiu virar a arma para Alenilton quando deu os primeiros disparos. Enquanto Robson caia, ele atirava em direção ao marido, na versão de Dilma.
Segundo o delegado, apenas o laudo poderá confirmar quantos tiros foram disparados e se a versão de Robson é verídica.
Depois que a vítima caiu no chão, Dilma e Robson fugiram no veículo Fiat/Uno e foram até o bairro Roselândia, onde mora a filha de Dilma. A mulher reforçou a versão de que a pistola estava com a vítima.
O delegado Medeiros afirmou que se os laudos, residuográfico, necroscópico e do local, não confirmarem a versão dos envolvidos, será preciso pedir a reconstrução do crime.
“Apesar de Robson ter um problema neurológico e andar de muletas, ele tem força, então ele pode sim, ter retirado a arma da vítima”. O delegado lembrou ainda que o fato dos envolvidos terem apresentado a pistola significa que “estão dando uma satisfação à justiça. Por enquanto eles foram ouvidos e liberados”.
A arma também irá passar por perícia para confirmar se foi a mesma pistola usada no crime.
Dilma revelou ainda que era comum Alenilton consumir bebida alcoólica, e todas as vezes que isso acontecia, segundo ela quase todos os dias, ele acabava a agredindo. “Ele era muito agressivo”. Depois de um ano de relação, Dilma descobriu que ele bebia e usava droga.
Uma semana antes do crime ela procurou uma casa para alugar, com a intenção de se separar da vítima. “Eu ia deixar as coisas dele lá, mas ia embora porque não aguentava mais”, disse a mulher após o depoimento.
Dilma ainda disse que Alenilton já havia tentado mata-la outras vezes, inclusive enforcada. “Ela disse que a vítima obrigava ela a ir até uma boca de fumo”.
Dilma alegou também que a dono do motel, para quem ela pediu ajuda após deixar o carro na casa da filha, não tinha envolvimento com o crime. “Ela não sabia de nada, senão não teria me deixado vir aqui. Ela é minha cliente e eu precisava de dinheiro, por isso pedi ajuda a ela”.
Robson afirmou que apenas defendeu a mãe. “Não matei, não. Me defendi e defendi a vida da minha mãe. Eu não sei como consegui tirar a arma dele, mas consegui”.
Crime - Por volta das 22h40 de terça-feira, Alenilton chegou na casa, que fica na rua Nacional, Jardim Imperial, conduzindo um veículo Uno de cor prata. Foi Dilma quem abriu o portão para ele guardar o carro. Logo depois, segundo a Polícia, vizinhos ouviram uma discussão e vários tiros.
Em seguida, Dilma, uma criança, que também morava na casa, e um homem foram vistos saindo da casa no mesmo Uno que Alenilton chegou. Na tentativa de ir embora rápido, o condutor chegou a raspar a lataria do carro no portão.
Dilma e Alenilton mantinham um relacionamento conturbado há aproximadamente dois anos e moravam no local há cinco meses. Vizinhos disseram à Polícia que o casal brigava constantemente.
A vítima tinha três mandados de prisão em aberto por tráfico de drogas e furto qualificado, todos cometidos no estado de Goiás, segundo a Polícia.