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Capital

Menina que nasceu apesar de diagnóstico de anencefalia morre aos 9 meses

Elverson Cardozo | 06/09/2012 17:11
Velório foi realizado na tarde desta quinta-feira, no Jardim das Palmeiras, em Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)
Velório foi realizado na tarde desta quinta-feira, no Jardim das Palmeiras, em Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)

A missão de Grazielli terminou nesta madrugada. Às 3h33, a menina morreu no Hospital Universitário de Campo Grande, poucos dias depois de completar 9 meses de vida.

Para amigos e parentes que acompanharam o velório na tarde de hoje (6), no cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande, o que ficou foi uma lição de humanidade, coragem e amor.

Na 23ª semana de gravidez, Janine descobriu que sua primeira gestação não seria normal. Um exame de ultra-sonografia revelou que o feto não tinha calota craniana, nem estrutura cerebral. O diagnóstico foi de anencefalia (ausência de cérebro).

Mas a jovem mãe decidiu prosseguir e dar vida à filha, que nasceu em 28 de novembro de 2011, na Maternidade Cândido Mariano. Um novo exame, após o nascimento, apontou que Grazielli tinha encefalocele, um defeito do tubo neural, ao contrário do primeiro diagnóstico.

O bebê tinha só uma pequena parte de cérebro, que estava fora da cabeça e por isso não aparecia nas imagens mostradas pelo ultra-som. Após o nascimento, a menina ficou internada por três meses, em decorrência de uma cirurgia.

Grazielli estava em casa desde janeiro, na companhia dos pais, mas no mês passado um problema respiratório fez com que ela retornasse ao hospital, onde ficou internada por aproximadamente 20 dias. Segundo o pai, a bebê faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.

Velório - Rodeado de coroas, o caixão branco de Grazielli foi posicionado no centro da capela. A menina, exemplo de luta e determinação antes mesmo de nascer, se despediu da vida de forma angelical: vestida de cor-de-rosa e com um lacinho na cabeça.

Visivelmente abalados, Janine e Rafael permaneceram a maior parte do tempo ao lado da filha. Às 15h em ponto, teve início uma pequena cerimônia que, por alguns momentos, levou conforto a todos os presentes. “O mundo quer abortar, tirar a vida, mas aqui foi manifestado o amor de Deus”, disse a senhora que deu início às homenagens.

Janine, com a filha Grazielly ao fundo no coloco da vó.(Foto: Minamar Junior)
Janine, com a filha Grazielly ao fundo no coloco da vó.(Foto: Minamar Junior)

Entre familiares, a opinião de que ambas - mãe e filha - foram guerreiras se tornou unânime. A advogada Juliana Rivarola, de 29 anos, prima de Janine, disse que a mãe agiu de coração, pensando na vida e amparada na fé que profere.

“A gente resolveu dar força”, disse, acrescentando que a situação faz a sociedade pensar melhor.

Tio de Rafael, o escritor Tatiano Miguel, de 56 anos, afirmou que trajetória de vida de Grazielli, pelos problemas que a menina apresentou, é exemplo para todos. “Foi uma vitória, porque ninguém acredita”, relatou.

A perseverança da mãe mostrou que desistir antes de ver o fim pode não ser o melhor caminho. “Tem problema? Tem solução”, enfatizou o escritor. Janine poderia nem ter conhecido o rosto da filha, pontuou, mas ela decidiu lutar, mesmo sabendo das consequências.

“Eu diria que sou mais covarde”, confessou a tia de Rafael, Adjanira Lagoa, de 60 anos. Para a dona de casa, a mãe preferiu sofrer para dar direito à vida à filha, o que torna a situação ainda mais emocionante. “As duas lutaram muito”, finalizou.

O sepultamento de Grazielli aconteceu às 16h.

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