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Capital

Menino de 9 anos é encontrado sozinho em BR com lesões pelo corpo

Nadyenka Castro e Ana Paula Carvalho | 09/08/2011 18:22

Mãe e padrasto são suspeitos das agressões. Ela diz que deu uma surra no filho. Companheiro nega

Sandro nega agressões e abandono do enteado. (Foto: Pedro Peralta)
Sandro nega agressões e abandono do enteado. (Foto: Pedro Peralta)

Um menino de nove anos foi encontrado por volta das 2 horas desta terça-feira caminhando sozinho, com diversas lesões pelo corpo, às margens da BR-163, saída para São Paulo, em Campo Grande. A mãe dele e o padrasto foram indiciados pelos crimes de maus-tratos e abandono de incapaz.

Um rapaz de 21 anos seguia pela rodovia em seu veículo em direção à sua casa, na Chácara das Mansões, quando observou que um caminhão fez uma manobra brusca e desviou de algo na pista.

O jovem, que preferiu não se identificar, declarou que pensou que fosse algum animal, mas verificou que se tratava de uma criança e cerca de 100 metros depois retornou, na contramão, de encontro ao menino.

Segundo o rapaz, o garoto estava desesperado, lesionado e com hematomas no rosto. Diante da situação, levou a criança para sua casa e esta contou que o padrasto havia lhe batido porque tinha deixado seus brinquedos no chão.

Falou ainda que depois das agressões, o padrasto disse que o levaria para comer seu último cachorro-quente. O menino comeu, por volta da 1 hora, e depois, segundo ele, foi deixado na rodovia.

Quando a criança dormiu, o jovem procurou a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e foi orientado a ir à Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) ainda pela manhã.

O rapaz assim fez e já na delegacia, a mãe da vítima, a serviços gerais Lindeureni da Vera Cruz Tecorari, 37 anos, e o marido dela, Sandro Moreira Cabreira, 37 anos, foram chamados e negaram terem espancado o menino.

Sem nenhuma lágrima e com lesões no rosto causadas pelo marido, mãe diz estar abalada com a situação. (Foto: Ana Paula Carvalho)
Sem nenhuma lágrima e com lesões no rosto causadas pelo marido, mãe diz estar abalada com a situação. (Foto: Ana Paula Carvalho)

Indiciados - No prédio da delegacia, com cigarro na boca, óculos escuro e mascando chiclete, Sandro, que trabalha em uma empresa de erva-mate em Pedro Juan Caballero, Paraguai, negou agressão ao enteado e também disse que não o deixou na BR. “Em nome de Jesus, não tenho nada a ver com isso”.

Na versão dele, Lindeureni bateu no filho, depois foram comer cachorro-quente na rua Calógeras, esquina com a Afonso Pena, e voltaram para casa, tendo a vítima ficado sob os cuidados da mãe.

“Eu não sou portador da guarda da criança”, falou Sandro, demonstrando frieza em relação ao acontecido. “Estou com a consciência tranquila”.

Lindeureni contou que foi induzida pelo marido a fazer o que ela chamou de surra. “Foi uma surra de cinta. Ele [Sandro] falava que o menino estava endemonioado”, justifica a trabalhadora.

A mãe relatou que Sandro dizia que a criança estava indo mal na escola e o ameaçou de morte por isso. Devido à situação, abandonou o filho na via. “Alguém ia morrer”. “Fiz isso [abandono] porque sabia que ele seria achado. Ele é muito inteligente”.

Em nenhum momento Lindeureni demonstrou estar abalada emocionalmente com a situação do filho. Ela ainda falou que nunca viu o menino ser agredido pelo padrasto, apesar dele ter afirmado que já tinha apanhando outras vezes.

Ambos foram indiciados pelos crimes de maus-tratos e abandono de incapaz.

A mãe e o padrasto continuam detidos na delegacia. A delegada arbitrará fiança que poderá chegar à R$ 5 mil.

Casamento - A vítima é fruto do segundo casamento de Lindeureni, que já está na terceira relação amorosa ‘oficial’.

Ela disse que conheceu Sandro pela interne há três meses. Cinco dias depois ele deu a ela aliança e há dois meses estão casados ‘de papel passado’.

No último domingo, ela apanhou de Sandro, conforme mostram as lesões no rosto dela. A mãe de Lindeureni falou que não aprova a relação da filha com o atual marido. Para ela, o casal foi precipitado.

Pai biológico - O pai biológico do menino está acompanhando o caso de perto. É ele quem estava junto da criança durante a realização de exame de corpo de delito, o qual serve para verificar a gravidade de todas lesões.

Lindeureni declarou que não deixou o filho com o ex-marido, porque segundo ela, ele não gosta do pai.

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