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Capital

Mesmo com lei das calçadas, piso tátil não está livre de obstáculos nas ruas da Capital

Paula Maciulevicius | 16/09/2011 17:59

Campo Grande News flagrou caixas de papelão no meio de piso tátil

Lei obriga que campo-grandenses se adequem a acessibilidade, com colocação de piso tátil. (Foto: Arquivo/Simão Nogueira)
Lei obriga que campo-grandenses se adequem a acessibilidade, com colocação de piso tátil. (Foto: Arquivo/Simão Nogueira)

Desde que começaram as notificações nos comércios e em residências quanto ao cumprimento dos parâmetros da acessibilidade o cenário das ruas de Campo Grande mudou. As calçadas desiguais foram dando lugar à pista tátil, para auxiliar no trajeto de deficientes visuais.

Para os que enxergam, é possível ver de longe os obstáculos que aparecem no meio das calçadas. A pista que deveria guiar geralmente leva a algum empecilho. Seja ele uma árvore, poste, carros estacionados até aquilo que é colocado pela própria população.

Foi ao acaso que o Campo Grande News encontrou o Rafael Gazoni Moreira, deficiente visual desde a nascença, há 23 anos. Por alguns minutos o trajeto dele foi acompanhado pela equipe, para saber se a pista tátil realmente funciona.

O andar ágil dele parece até que a bengala é quem enxerga por Rafael. Fechar os olhos por um instante e tentar se guiar pelas calçadas que obedecem a lei não é nem de longe comparado a rotina de quem aprendeu a enxergar com os outros sentidos.

“Eu consigo me basear sem ela. Não me atrapalha nem me resolve. Tem outras barreiras muito mais importantes do que isso”, comenta.

Os primeiros passos vão de acordo com o ritmo de Rafael e por enquanto, sem nenhuma barreira.

“Acho as barreiras móveis bem mais complicadas. Um monte de carro em cima da calçada, os toldos que não respeitam a altura mínima, tem coisa muito mais útil”, considera.

Cego desde que nasceu Rafael aprendeu a andar sozinho, com a ajuda da bengala. “Mesmo tendo a pista não é confiável 100%. À vezes tem carros em cima dela. Na avenida Zahran mesmo,o piso leva direto em um poste”, relata.

Próximo a esquina da rua Bahia com a avenida Afonso Pena, o exemplo das barreiras móveis, impostas pela própria população. Se a pista fosse seguida à risca por Rafael, ele tropeçaria em meio a tantas caixas de papelão, vindas de uma loja.

Em meio a caixas, Rafael precisa parar de seguir trajeto pela pista tátil. Exemplo de barreira móvel. (Foto: Simão Nogueira)
Em meio a caixas, Rafael precisa parar de seguir trajeto pela pista tátil. Exemplo de barreira móvel. (Foto: Simão Nogueira)

O material estava exatamente no caminho e não tinha nem para onde correr. O trajeto que seria para simplificar ficou ainda mais complicado.

A equipe do Campo Grande News pediu para que o encarregado da loja retirasse as caixas. O rapaz gentilmente recolheu, pediu desculpas e ainda pediu para que outro colega o ajudasse já que a “menina queria fazer uma foto”, disse.

Bem mais que uma fotografia, o pedido era para que a pista fosse respeitada.

“A questão da acessibilidade aqui não é ruim para as coisas fixas, a pista nem faz muita diferença, mas as móveis são as mais complicadas de acabar”, finaliza.

Em Campo Grande todas as calçadas que estão feitas são obrigadas a ter este tipo de piso. No entanto, segundo a lei, propriedades mais antigas, construídas em anos anteriores a validade da lei estão sendo cobradas a implantar a iniciativa do piso tátil, quem não o fizer está sendo multado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

O decreto que regulamenta as calçadas é de número 11.090, regulamentado pelo prefeito Nelson Trad Filho (PMDB), que estabelece especificações para a construção das calçadas na cidade.

O artigo primeiro do decreto determina que as calçadas precisam ter uma faixa pavimentada, livre e desimpedida de obstáculos, para o trânsito de pedestres, e uma faixa de serviço, junto ao meio-fio, destinada à implantação de mobiliário urbano, como sinalização vertical, postes, lixeiras, árvores, orelhões, pontos de ônibus e táxi, e que deve ser permeável e gramada onde não houver mobiliário urbano ou acessos.

No artigo segundo está definido que as calçadas devem ser feitas em concreto simples e revestidas de material antiderrapante, com piso tátil, sem degraus ou obstáculos que prejudiquem a circulação de pessoas.

A Semadur está fiscalizando e aos proprietários que não estiverem de acordo, é aplicado apenas um aviso, dando prazo para que a calçada seja reformada, caso não ocorra, a prefeitura pode multar.

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