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Capital

Mesmo sem festa de aniversário, estudante comemora "milagre" de estar viva

Flávia Lima | 24/02/2016 20:32
Mesmo revoltada pelo atendimentoi que tevena UPA, Kamila diz que tem muito o que agradecer em seu aniversário. (Foto:Fernando Antunes)
Mesmo revoltada pelo atendimentoi que tevena UPA, Kamila diz que tem muito o que agradecer em seu aniversário. (Foto:Fernando Antunes)

Apesar de não ter programado nada de especial, a universitária Kamila Batista Mamédio, esperava completar seus 21 anos nesta quarta-feira (24), sem o sentimento de revolta e indignação que tomaram conta de sua família desde a madrugada do último domingo, quando ela sofreu um acidente de moto ao retornar da casa do namorado.

O drama da garota começou após ser atendida na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário, onde passou a madrugada recebendo alta no final da manhã de domingo. O atendimento teria acontecido sem percalços, se não fosse pelo fato da médica que a atendeu não ter notado que ela tinha duas partes do corpo fraturadas.

Liberada, mas ainda sentindo fortes dores, ela buscou a Santa Casa. Foi quando novos exames revelaram que ela estava com um osso da face e a escápula direita quebrados.

A partir desse momento, sua rotina mudou completamente. Acostumada a independência, ela agora precisa da ajuda da mãe, Leonice e do avô Antônio, de 78 anos, para se locomover pela casa onde a família mora, no Jardim Itamaracá.

As noites ainda são mal dormidas devido as fortes dores, que amenizam apenas com os analgésicos. Cursando o terceiro semestre de Pedagogia na Unaes, ela terá que ficar afastada das aulas e do trabalho como operadora de caixa, em uma casa lotérica, na Avenida Costa e Silva, por pelo menos por 30 dias.

"Não esperava passar nunca meu aniversário assim, em uma cama, dependendo dos outros", afirma. No entanto, o sentimento de justiça é o que está dando ânimo a estudante, que já buscou ajuda de um advogado para acionar o poder público municipal e obter uma indenização pelo diagnóstico equivocado.

"Não vou deixar por isso mesmo porque outras pessoas podem ser vítimas de outros erros como que sofri", diz. Além do apoio físico, Kamila tem recebido o suporte emocional para enfrentar um processo que ela sabe, pode levar anos. "Não importa. Minha família está tão indignada quanto eu", diz.

Se não estivesse em uma cama devido ao acidente, Kamila conta que estaria passando seu aniversário como nos anos anteriores; trabalhando e indo à faculdade, já que sua família tem o hábito de reunir os amigos e parentes no final de semana para comemorar, geralmente, com uma festa surpresa. "Ninguém imaginava que este ano a surpresa seria essa", ressalta, com bom humor.

No entanto, Kamila conta que o espaço dado pela mídia ao seu drama também tem revelado a solidariedade de pessoas que ela mal convive, o que gerou o dobro de mensagens e  felicitações que ela costumava receber em aniversários passados.

"Recebi mensagem e ligação de gente que mal conheço. Todos oferecendo apoio e demonstrando preocupação com minha saúde", relata, feliz. Kamila diz que os professores de seu curso permitiram que ela vá à faculdade apenas nos dias de provas e todas as matérias e exercícios estão sendo enviados por e-mail para que ela não interrompa seus estudos e os amigos da igreja que ela atua, a Maria Mãe do Bom Pastor, também já levaram uma palavra de conforto à estudante, que é coordenadora do grupo de jovens.

As demonstrações de carinho emocionaram a família, que procura se manter unida em todos os momentos, especialmente após a morte do pai de Kamila, que ela mal conheceu. 

Sem plano de saúde, ela irá prosseguir seu tratamento pelo SUS. Na próxima semana ela passará por uma avaliação para saber se precisará passar por cirurgias, mas ressalta que não tem receio de continuar sendo atendida pela rede pública. "Os médicos que estão me atendendo estão sendo muito carinhosos e me sinto segura", destaca.

Mesmo sem ter planejado nada para seu aniversário, Kamila ainda tem esperança de receber alguma surpresa até o fim da noite. "Se não ganhar nada, não faz mal. Tenho muito o que agradecer a Deus hoje. Só o fato de estar viva é um milagre, pois o carro passou sobre a minha cabeça e o motorista fugiu sem prestar socorro", lembra. 

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