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Capital

Morador de rua cita "teoria do caos" para justificar incêndios de veículos

Luciana Brazil | 20/03/2013 12:31
Leitor diário de jornais, Estevão fugiu de hospital psiquiátrico (Foto:Marcos Ermínio)
Leitor diário de jornais, Estevão fugiu de hospital psiquiátrico (Foto:Marcos Ermínio)

Os ataques a veículos na semana passada, em Campo Grande, foram motivados, segundo o autor dos incêndios, pela humilhação que sofria nas ruas, Estevão de Oliveira Alves, 32 anos. Ele confessou, durante entrevista com jornalistas na manhã de hoje, ter cometido os crimes em protesto, se baseando “na teoria do caos”, afirmou. "As pessoas me tratavam como mendigo, fiz por protesto mesmo", justificou.

No Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), onde está detido, Estevão disse ser autor de alguns ataques.

A polícia ainda investiga todos os crimes, já que alguns não foram registrados, mas acredita que Estevão seja o único causador. “Estamos trabalhando como se ele fosse o único autor, mas a investigação continua”, disse o delegado titular do Garras, Alberto Vieira Rossi.

A polícia foi levada em aproximadamente 13 locais onde foram feitos os ataques. “Ele confessou várias coisas, mas não se lembra de todos os atentados. Ele tem dificuldade de falar em tempo”.

Estevão foi preso em flagrante no sábado (16) por incendiar seis veículos durante a madrugada. Ele está sendo investigado por 10 atentados, que somam mais de 10 veículos, já que em alguns episódios mais de um carro foi danificado.

“Se alguém tivesse me ajudado não tinha acontecido isso aí. Não tem vítima. Foi tudo por protesto”, disse Estevão. Ele contou que pediu dinheiro na rua, mas ninguém deu. Estevão morava em Dourados, onde trabalhava com reciclagem. Depois de ser demitido, ele foi recolhido em Dourados e trazido para o Hospital Psiquiátrico Nosso Lar. “Graças a Deus consegui fugir de lá”, afirmou.

Leitor diário de jornais e fundamentando os ataques na “teoria do caos”, como afirmou, Estevão disse que se tornou “um bode expiatório”. “Não queimei todos os veículos. Estão querendo jogar todos os crimes nas minhas costas”.

Delegado mostra mapa com os pontos onde aconteceram os crimes.
Delegado mostra mapa com os pontos onde aconteceram os crimes.

Oficial - O delegado rebate a especulação e diz que Estevão sofre de problemas psiquiátricos. “No local onde ele incendiou a Eco Sport, ele não se lembrava da Blazer que estava estacionada atrás, mas na hora que chegou no lugar ele lembrou”.

Apesar de descartar a participação de outras pessoas, Rossi frisa que a Polícia analisa as imagens dos locais, em que foram registrados os ataques. O objetivo é confirmar se não houve a participação de outras pessoas nos atentados.

Estevão afirmou que não é usuário de drogas e mostrou intimidade com os veículos. “É muito fácil encontrar a mangueira”, relatou.

Estevão também confessou ter inspirado suas ações nas notícias que lia com frequência nos jornais
O álcool usado no primeiro ataque, que foi a carreta incendiada, foi roubado do CEM (Centro de Especialidades Médicas). De lá, segundo Rossi, foi levado também a tesoura de jardinagem.

A caixa térmica encontrada junto a um dos veículos foi roubada de uma lanchonete no centro da cidade. “Ele roubou a caixa térmica com as bebidas. Dentro da loja ele espalhou álcool pelo chão, só para causar pânico”.

Estevão vai responder por incêndio criminoso, furto, dano e pode pegar de oito a 20 anos de prisão, conforme forem avaliados seu crimes, segundo Rossi.

Estevão será mantido no Garras, até que se conclua o inquérito. Rossi explica que o inquérito do flagrante será finalizado em 10 dias, já dos outros casos, o prazo é de 30 dias. Ele poderá cumprir pena em um hospital psiquiátrico.

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