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Capital

Moradores e crianças de favela são rejeitados em posto de saúde

Mariana Lopes | 10/03/2014 17:07
Rosimeire tentou marcar consulta para a filha de 7 anos e não conseguiu (Foto: Cleber Gellio)
Rosimeire tentou marcar consulta para a filha de 7 anos e não conseguiu (Foto: Cleber Gellio)

Há menos de um ano morando na favela conhecida por Cidade de Deus, em Campo Grande, a catadora de lixo Rosimeire Cardoso de Freitas, 32 anos, sentiu na pele, mais uma vez, a dor da discriminação. Mas desta vez, o preconceito tirou dela o direito de um atendimento médico digno.

Na semana passada, ao tentar marcar consulta com um clínico geral no posto de saúde do bairro Parque do Sol, o mais próximo da casa dela, a notícia que a surpreendeu veio da enfermeira-chefe da unidade, conforme relata a catadora de lixo.

“Ela disse que eu não poderia marcar consulta para a minha filha porque havia uma ordem da Secretaria de Saúde que proibia de agendarem consulta para quem morasse aqui, na Cidade de Deus”, conta Rosimeire.

A justificativa dada pela servidora, segundo a moradora da favela, é porque a Cidade de Deus não existe no mapa da Capital. Com isso, a enfermeira orientou que ela tentasse levar a filha para um posto de saúde 24 horas.

“Para mim isso é preconceito, me sinto excluída da sociedade. Sem contar o descaso com a vida da minha filha, se fosse mais grave, ela teria morrido dentro do posto, porque não podiam atender?”, pontua a mãe.

A filha dela, uma criança de 7 anos, estava com fortes dores na barriga há alguns dias. “Até a professora dela veio falar comigo para me orientar a levar minha filha ao posto, porque a dor estava muito constante e pode até ser verme”, explica Rosimeire. Mas, no final das contas, ela teve que voltar para casa com a menina.

Priscila tentou, em vão, atendimento para o sobrinho de 15 anos (Foto: Cleber Gellio)
Priscila tentou, em vão, atendimento para o sobrinho de 15 anos (Foto: Cleber Gellio)

O mesmo aconteceu com outra moradora da favela. Priscila Peres Romã, 26 anos, conta que também tentou atendimento médico para o sobrinho, de 15 anos, mas o corre-corre de um posto para o outro foi em vão. Após uma peregrinação, ela teve que voltar e foi cuidar do garoto em casa.

“Ele estava com febre, mas não quiseram atender no posto do Parque do Sol, então levei ele para o 24 horas, no Aero Rancho, e lá falaram para eu ir até um posto perto da minha casa”, relata Priscila.

Diante da recusa de atendimento em dois postos de saúde, o que fica, para ela, é o mal estar de se sentir uma peça fora da população da cidade. “Somos constantemente destratados nos postos, então, temos que nos virar como dá”, lamenta a moradora.

O preconceito e a discriminação rondam os moradores da favela Cidade de Deus, que foi construída no bairro Dom Antônio Barbosa, próximo ao Lixão de Campo Grande, na saída para Sidrolândia. A maioria das pessoas levantou um barraco na região por não ter mais para aonde correr. E hoje, praticamente vive à mercê da caridade alheia.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno do posiocinamento da Prefeitura.

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