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Capital

Morte de cadela durante o banho é “mistério” e causa revolta na Capital

Elverson Cardozo | 02/09/2013 18:45
Luly, segundo versão do Pet Shop, não resistiu ao banho. (Foto: Anda)
Luly, segundo versão do Pet Shop, não resistiu ao banho. (Foto: Anda)

A morte inusitada de uma cadelinha, que tem entre 4 e 5 meses, da raça Lhsa Apso, provocou indignação, suspeitas e questionamentos. Tutora do animal, a funcionária pública Wania Ferreira, de 44 anos, a levou em um Pet Shop, a “Creche SPA Cantinho do Animal”, que existe em Campo Grande desde 2011, mas, no caminho para buscá-la, descobriu, durante uma ligação com o dono, Thiago Alves Chacha, médico veterinário, que Luly, o animal em questão, havia morrido.

O caso aconteceu há 12 dias, em 22 de agosto, mas só veio à tona nesta segunda-feira (2), após ser noticiada pela Anda (Agência de Notícias dos Direitos Animais), considerado o maior portal de notícias de animais do mundo.

“Ele [Thiago Alves] disse que ela teve uma morte súbita e falou: ‘A gente estava pondo o lacinho, quando ela deu dois suspiros e morreu”, contou a mulher, em entrevista ao Campo Grande News.

À tutora, o veterinário teria dito, segundo relatos dela, que isso pode acontecer. Abalada, Vânia não conseguiu entrar no “mérito da questão”. Voltou para casa, mas no dia seguinte resolver levar o corpo da cadela para realizar uma necropsia.

“Pensei que tinham dado um calmante para ela, em dose cavalar e que, talvez, pudesse ser isso, mas quando vi o laudo notei que era pior do que imaginava”, contou.

A conclusão do exame, feito no hospital veterinário da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), e assinado pela professora de anatomia patológica Gisele Braziliano de Andrade, traz uma surpresa, que não condiz, pelo menos na interpretação da servidora, com o que foi relatado.

“As alterações descritas sugerem fortemente que o animal pode ter sofrido uma queda ou outro traumatismo que provocou as fraturas nas costelas e lesões nos órgãos, ocasionando a hemorragia importante e fatal”.

A suspeita era morte súbita, mas a “descrição macroscópica, realizada no dia 23/08/2013, às 13h30, apontou o seguinte:

“O animal apresentava as mucosas aparentes pálidas. À abertura do animal observou-se hemoperitônio e hemotórax (grande coleção de sangue nas cavidades peritoneal e torácica, respectivamente). Na abertura torácica foram encontrados hematomas no tecido subcutâneo à altura das costelas e fraturas na região dorsal das costelas (6º, 7º, 8º, 9º e 10º costelas na porção medial do lado direito do animal e 7º, 8º e 9º costela na porção distal do lado esquerdo do animal, alcançando a junção costo-vertebral). Em edocárdio foram notadas hemorragias sub-endocárdicas. Na cavidade abdominal observou-se ruptura da cápsula do fígado e laceração na superfície do parênquima hepático em quase toda a extenção. A cápsula do rim esquerdo apresentou hemorragias”.

Mesmo sem conhecimento aprofundado, para a tutora do animal ficou claro que não foi uma “morte súbita”, como disse o veterinário. Wania afirma que ainda não tem uma hipótese para o fato. “Não quero julgá-lo. Só quero que eles me falem o que aconteceu porque estavam responsáveis. Não quero acreditar que maltrataram ou judiaram do cachorro, porque imagina só o tanto que essa bichinha sofreu”, disse.

Ao fundo, Thiago brincando com cães em recreação. (Foto: Elverson Cardozo/Arquivo)
Ao fundo, Thiago brincando com cães em recreação. (Foto: Elverson Cardozo/Arquivo)

Além de ter solicitado a necropsia, Wania também procurou a polícia. Registrou um Boletim de Ocorrência na Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista).

No depoimento aos policiais, ela faz o mesmo relato. Diz que recebeu a ligação de Thiago, por volta das 17h45 do dia 22 de agosto, dizendo que Luly “não resistiu ao banho e morreu”. Disse, ainda, que não acreditou na explicação porque a cadela “era totalmente saudável e tinha todas as vacinas em dia”.

Ao Campo Grande News, como disse à polícia, a mulher informou que esta foi a primeira vez que levou a cadela ao Pet Shop. Nessa história, um fato curioso chama a atenção: Luly não foi deixada sozinha na “Creche Canina”, mas com outra cadelinha, da mesma raça, que voltou viva.

Na Decat, o BO foi registrado como crime de abuso, maus-tratos ou mutilação de animais silvestres domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos (artigo 32 da lei nº 9.605/98).

Crechê conta com ofurô para animais. (Foto: Elverson Cardozo/Arquivo)
Crechê conta com ofurô para animais. (Foto: Elverson Cardozo/Arquivo)

Pet Shop – A Creche SPA Cantinho do Animal existe desde 2011. Formado há aproximadamente 6 anos, Thiago resolveu investir em um novo serviço, voltado ao “mercado de humanização”.

Não se trata de um Pet Shop comum, mas, como o nome sugere, de uma creche -especialmente para cachorros. Entre os serviços agregados, tem banho e tosa e, no SPA, ofurô, com direitos a sais e água morna.

O hotelzinho é outro serviço oferecido. O animal não fica em gaiolas, comum na maioria dos pet shops, mas em “celas” espaçosas, os chamados apartamentos. São 11 no total. Uma ao lado do outro. O “quarto” mede 1 x 1,5 metro.

Na creche, um recreador estimula os cães a participarem de brincadeiras e a socializarem com outros animais.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com o médico veterinário Thiago Alves Chacha, na clínica de sua propriedade, e ele informou que só se pronunciaria em nota enviada à imprensa, mas o documento não foi encaminhado até a publicação desta matéria. Thiago Alves foi procurado, ainda, no telefone celular, mas não atendeu às ligações do jornal.

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