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Capital

Motociclista era o último sobrevivente de onda de violência e ajudava caçula

Zana Zaidan e Luciana Brazil | 05/07/2014 13:10
Família estava inconsolável durante o velório, e pede ajuda para se locomover até o cemitério (Foto: Marcos Erminio)
Família estava inconsolável durante o velório, e pede ajuda para se locomover até o cemitério (Foto: Marcos Erminio)

Morto ontem (4), depois de perder o controle da moto e bater em um poste na avenida Interlagos, em Campo Grande, Denis Melo Santos, 21 anos, era o único de quatro filhos em condições de ajudar o irmão caçula, de 16. Ele ficou com a guarda do menor, depois que a mãe abandonou a família e os avós, que os criavam, morreram. O pai também faleceu, anos atrás.

A história da família é conturbada, com histórico de violência e drogas. O primeiro dos quatro filhos está preso e o segundo foi morto a facadas anos atrás, enquanto Denis e o irmão mais novo passaram a morar com os avós, no bairro Iraci Coelho, depois que a mãe escolheu ir morar com um namorado, usuário de drogas.

Quando os avós morreram, Denis ainda era muito jovem, por isso o irmão foi morar com a mãe. Lá, ele passou a sofrer de maus tratos. A família, então, acionou o Conselho Tutelar, que ao constatar a situação do menino o levaram para um abrigo, onde ele ficaria disponível para adoção. O temor de perder o irmão fez Denis pedir, na Justiça, a guarda do menor.

A esposa dele, Greice Kelly, 21 anos, conta que Denis era uma pessoa muito extrovertida. "Era muito, muito querido, brincalhão. O tempo todo perturbava os outros com as piadas e gracinhas deles. O coração era enorme. Apesar de ter sido deixado pela mãe, ele sempre tentou fazer ela voltar a morar com eles, e saísse de perto de namorado”, afirmou, durante o velório que aconteceu hoje (5), na casa onde Denis morou com os avós. O irmão, inconsolável, preferiu não dar entrevista.

Apesar de não manter contato com a família, Cilsa Bastos de Melo Vaz, 45 anos, foi se despedir do filho. Sentada do lado de fora da casa, isolada dos demais, ela estava com o corpo todo enfaixado e contou que está internada há pouco mais de um mês na Santa Casa. “Se você quer o bem do seu filho, nunca dê uma moto pra ele”, limitou-se a dizer. Os machucados teriam sido causados por queimaduras com álcool em uma acidente doméstico, disse ela. Não há previsão de alta e, depois do enterro, Cilsa volta para o hospital, acrescentou.

“Ela nunca apareceu para nada, nem para oferecer um pacote de arroz. Agora, deve ser só para por causa do Dpvat”, disse Greice, sobre a sogra e o seguro a que tem direito vítimas de trânsito.

No local do acidente, a Polícia tinha duas suspeitas: que o acidente aconteceu por excesso de velocidade ou embriaguez. “Ele tinha acabado de sair do trabalho, era pintor, e corria para casa ver o jogo do Brasil”, confirmou a esposa.

Ontem, por volta das 15 horas, Denis perdeu o controle da CG Titan em uma curva e bateu em um poste. Populares e até uma enfermeira que passava pelo local tentaram fazer massagem cardíaca, mas ele morreu antes que o socorro chegasse.

O enterro acontece amanhã, às 9 horas, no Cemitério Cruzeiro. A família teve dificuldades para arcar com as despesas do velório. A Pax cedeu uma van para que os parentes mais próximos conseguissem chegar ao cemitério, mas pedem, a quem possa ajudar, um ônibus, para que todos possam ir.

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