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Capital

Motorista ferido por jovens ainda não recuperou movimentos

João Humberto | 19/01/2011 21:33

Um dos autores do crime foi preso hoje e outro está foragido

Motorista mostra marcas de tiro que perfurou o intestino. (Foto: João Garrigó)
Motorista mostra marcas de tiro que perfurou o intestino. (Foto: João Garrigó)

O motorista Edson Bazan, de 39 anos, baleado por dois jovens no dia 1º de janeiro quando dirigia um ônibus do transporte coletivo urbano no bairro Dom Antônio, em Campo Grande, ainda não recuperou os movimentos do corpo. Edson é o personagem de uma violência que só cresceu nos últimos cinco anos.

Levantamento da Assetur (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano) mostra que o número de assaltos a coletivos passou de 199 no ano 2000 para 681 no ano passado. Questionada se o problema ocorre devido à falta de segurança nos coletivos, a empresa rebate dizendo que o problema é decorrente do aumento generalizado da violência.

Sem poder levantar da cama, Edson carrega no corpo as marcas do assalto. Ele tem o lado esquerdo do corpo paralisado devido ao tiro que levou na coluna. Nas mãos e na perna as marcas do disparo feito com revólver de calibre .32. Outro tiro atingiu sua barriga e perfurou o intestino, por isso tem de usar sonda.

“Vou ter que fazer uma operação no intestino. A bala da coluna o médico falou que não vai poder tirar agora”, explica o motorista que não sabia da prisão de um dos autores do crime, feita nesta tarde, e diz que prefere esquecer o episódio.

O diagnóstico recebido não é promissor, o médico não sabe se voltará a andar normalmente. Mesmo assim, o motorista espera retomar a vida e os estudos. Para os autores, deseja que reflitam e “que Deus os abençoe”.

Apesar de não guardar rancor, o motorista confessa que ficou traumatizado com o episódio no qual, por pouco, não perdeu a vida. “Ele só não me matou porque acabou a bala”, lembra.

Há 22 anos como motorista de ônibus, Edson lembra que as dificuldades enfrentadas na região do Dom Antônio, onde ocorreu o crime, eram muitas. Ele diz que os jovens da região ficavam na frente do ônibus e tentavam intimidar motoristas.

“Ninguém quer fazer aquela linha. A maioria dos jovens do bairro anda armado”, afirma. A violência era tamanha que ele registrou 14 boletins de ocorrência desde dezembro de 2009. O motivo eram os constantes assaltos que sofria na região.

Em um dos casos de violência sofrida por ele, em agosto do ano passado, um indício do que poderia acontecer. Quando fazia a última volta do ônibus com itinerário Dom Antônio / Lageado, ele teve o veículo cercado por quatro jovens que “para bagunçar” começaram a atirar pedras no veículo.

Desentendimento - Edson lembra que dois dias antes de ser baleado, dois jovens passaram em frente ao ônibus dele e o motorista teve que frear bruscamente. No dia seguinte, uma bicicleta caiu sobre o ônibus quanto este parou e o dono veio tirar satisfações.

O dono da bicicleta é Max Ferreira da Silva, de 19 anos, preso hoje por ter atirado em Edson. Á Polícia, o jovem alegou que o motorista tinha passado por cima de sua bicicleta e essa foi a motivação dos disparos.

Um dia depois do episódio da bicicleta, Edson conta que dirigia pela rua Evelina Selingar quando um jovem passou em frente ao ônibus e jogou um tijolo na porta do veículo. Ele desceu e o rapaz correu do local.

Enquanto acionava a PM, Max deu um tiro e disse para o rapaz que jogou o tijolo concluir o homicídio. O jovem foi identificado apenas como Marcos e é procurado pela Polícia.

Conforme a vítima, ele deu outros três tiros e tentou matar o motorista, mas não conseguiu porque acabou sua munição. “Atiraram sem piedade. Imagina você descarregar o revólver em uma pessoa que está caída”, observa.

Para o motorista que foi vítima dos jovens do Dom Antônio, a violência reflete a falta de segurança no bairro. Contudo, estatísticas da Assetur mostram que o problema ocorre em várias regiões de Campo Grande.

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