Na fila do SUS, espera por cirurgia pode durar 5 anos em MS
A perna está cada dia mais curta e mais fina em realação a outra. As dores são intensas e quase que diariamente, diz a dona de casa Nilda Machado Peixoto, de 49 anos. Há anos ele tenta para fazer uma cirurgia e colocar uma prótese no quadril, mas não consegue na rede pública de saúde. Nilda tem uma doença chamada de osteoartrite, onde a cartilagem que reveste os ossos do quadril amolece e se desgasta, causando dor e rigidez.
A cirurgia que Nilda tanto deseja serve para substituir os ossos desgastados e voltarem os movimentos da perna. "O médico disse que não tem remédio para a doença e que o alívio da dor e da correção da perna só melhora após a operação", comenta.
Nilda conta que de uns tempos para cá mal consegue fazer os serviços de casa. O problema começou quando ainda era criança, mas com o tempo foi se agravando. No começo da doença, Nilda procurou um médico, mas foi informada que não poderia ser operada porque era muito nova.
“Ele disse que se me operasse e colocasse uma prótese eu não iria agüentar, mas o duro que os anos foram passando e a dor foi aumentando. Hoje vejo a minha perna afinando sem poder fazer nada”, disse.
Há seis meses, Nilda voltou ao médico ortopedista, porém teve uma notícia que não a agradou. O problema não era mais a cirurgia que não podia fazer, mas o tempo de espera na fila.
“Ele disse que eu tenho que entrar em uma fila para ser operada, que pode demorar de um a cinco anos. Ao contrário, só entrando na Justiça para acelerar o procedimento. Eu vivo a base de dipirona e diclofenaco para aliviar as dores. O jeito vai ser esperar na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) porque não tenho condições de pagar”, lamenta.
Dificuldade - Além do problema de saúde, Nilda sofre com o filho e o marido que são dependentes químicos. O filho, Wellington, de 22 anos, usa pasta-base de cocaína, já se internou três vezes.
O marido, Wilson, de 49 anos, que trabalha como mecânico em casa, luta há 12 anos contra o alcoolismo. “Preciso de saúde para ajudar meu filho e meu marido. Estou vendo a minha família se acabando sem poder fazer nada”.
Nilda diz que tem medo de Wellington ter o mesmo destino do filho mais velho, que morreu em setembro do ano passado. “Ele era usuário de drogas também e foi encontrado morto em uma varanda de uma casa. Até hoje ninguém sabe como ele morreu.”