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Capital

Neurocirugião é acusado de extorquir pacientes atendidos pelo SUS

Mariana Lopes | 06/06/2013 19:02

Um neurocirurgião da Santa Casa de Campo Grande foi afastado do quadro de funcionários do hospital e é investigado pela Polícia Civil por extorquir dinheiro de pacientes que eram atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Segundo a delegada Cristiane Grossi, foram identificadas pelo menos duas famílias que teriam sido vítimas do médico, ambas do interior de Mato Grosso do Sul.

Em um dos casos é de um morador em Nioaque, cidade distante 179 quilômetros da Capital, que teria de passar por uma cirurgia na coluna. Na ocasião, o neurocirurgião cobrou R$ 15 mil da família, alegando que o dinheiro seria para pagar dois médicos auxiliares.

No dia cirurgia, os familiares do paciente pagaram ao médico R$ 9 mil. O restante do dinheiro a família prometeu pagar em até 10 dias. Porém, passado o prazo, os irmãos do paciente conseguiram apenas R$ 2 mil e passaram a ser pressionados pelo médico.

A outra vítima é um paciente de Bodoquena, cidade distante 266 quilômetros de Campo Grande. Ele precisava passar por uma cirurgia no cérebro e neurocirurgião cobrou R$ 30 mil para operá-lo.

Antes da cirurgia, a família afirma que o médico também cobrou por uma consulta particular, além de um exame de tomografia, sob a justificativa de acelerar o atendimento, sem fila de espera.

Segundo a delegada, os dois pacientes estavam internados pelo SUS e em estado grave. As duas cirurgias foram feitas na Santa Casa.

Desesperados, os familiares disseram que não tinham o valor para pagar a operação, então o médico sugeriu dar "um jeito de o SUS bancar os gastos da cirurgia”, mas acabou convencendo a família de que o paciente precisaria de um cateter que o sistema público não poderia bancar.

Pelo cateter, o médico cobrou da família R$ 6 mil, mas baixou o preço para R$ 3 mil, após a irmã do paciente chorar de desespero, mostra a investigação.

Ao procurar a equipe de plantão da Santa Casa, a família soube que a cirurgia não poderia ser cobrada, já que o paciente estava internado pelo SUS. Diante da denuncia, o médico foi afastado do quadro de funcionários do hospital.

Ao saber do afastamento, o neurocirurgião ainda foi até o quarto onde o paciente estava internado e ameaçou a família, dizendo que iria contratar um advogado para processá-la.

O paciente, que tinha um tumor no cérebro, foi operado por outro médico, mas não resistiu e acabou morrendo.

A delegada Cristiane Grossi afirma que por enquanto há apenas indícios e que os casos serão averiguados. Contudo, a delegada acredita que aparecerão mais vítimas do médico.

“Ele usava da situação fragilizada das famílias para extorquir dinheiro”, explica a delegada.

O neurocirurgião, de 40 anos, não teve o nome divulgado pela polícia, pois, segundo a delegada, o inquérito foi aberto recentemente e ainda não há provas consistentes contra o médico. As vítimas ainda serão ouvidas pela polícia.

Se comprovado que o médico extorquiu as famílias, ele será indiciado e responderá criminalmente por concussão - o ato de exigir para si ou para outrem, dinheiro ou vantagem em razão da função, direta ou indiretamente. Se condenado ele pode pagar multa e cumprir pena de 2 a 8 anos de prisão.

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