Nova regra deve ampliar em 1% número doadores de sangue em MS
Com a ampliação da idade máxima para doar sangue no Brasil, que passou de 67 para 69 anos, o Hemosul em Campo Grande deve expandir em apenas 1% o número de doadores no Estado.
Apesar de benéfica, a portaria, divulgada ontem (12) pelo Ministério da Saúde, deve contemplar no Estado, em especial, a população já doadora, conforme explicou a diretora geral do centro, Eliana Dalla Nora.
“Essa mudança vem para contemplar quem já é doador. Os que fazem 68 anos ficam frustrados porque não vão mais poder doar. Essa ampliação vai beneficiar essas pessoas”, explicou.
Ainda segundo a diretora, as exigências para doação também contribuem na definição do pequeno percentual de 1%. “Quem doa não pode ser hipertenso, ser diabético, não pode tomar nenhuma medicação, ter problemas respiratórios e é preciso ser saudável”, aponta Eliana. Com isso, o número de doadores nesta faixa etária fica reduzido.
Em cidades como Curitiba e Porto Alegre, onde é grande o número de idosos, o impacto nas doações será significativo com a nova medida.
Existem no Estado cerca de 150 mil doadores, sendo cinco mil deles com idade entre 60 e 67 anos. Com a portaria do Ministério da Saúde, o Estado terá cerca de mil doadores a mais, cerca de 1% da faixa etária.
“É pouco, mas vai ser importante para os que podem e querem doar”, ressalta Eliana.
Exame: Outra mudança entra em vigor com a nova portaria. Agora, todo sangue coletado no país deverá passar obrigatoriamente pelo exame NAT, sigla em inglês para Teste de Ácido Nucléico.
O exame diminui a janela imunológica para o diagnostico do HIV e da hepatite C para doadores. O Hemosul em Campo Grande já realiza o teste desde março.
Antes, a janela imunológica, que identifica o vírus, era de mais de um mês para a hepatite C e de mais de 20 dias para o teste de HIV. Utilizando a tecnologia avançada do teste, a janela diminui passando para 10 dias no caso do HIV e para 12 dias no caso da hepatite C. O exame garante maior segurança transfuncional para os pacientes.
Com equipamentos caros, concedidos pelo Ministério da Saúde, o DNA é ampliado e a doença diagnosticada mais rapidamente. Os aparelhos ficam isolados em uma sala onde é feito o exame.
“É importante salientar que o Hemosul não realiza exames para detectar essas doenças. Quem vem doar, deve vir com a ideia de um ato voluntário e não para saber se tem alguma doença”.
Apesar da ressalva, Eliana diz que apenas 3% dos que doam sangue são barrados por causa de uma dessas doenças.
16 para 18 anos: Há quase um ano, a idade mínima para doação foi alterada de 18 para 16 anos. Com essa portaria, o impacto em Mato Grosso do Sul foi significativo em relação ao número de doadores. “O nosso Estado é um estado jovem. Quando houve a alteração o impacto foi grande”, disse Eliana.
Diariamente são feitas 150 doações de sangue no Hemosul. "O ideal é que fizessemos 180, 200 doações diárias".
Há 30 anos, Geraldo Guenka, 52, doa sangue voluntariamente. A solidariedade começou quando Geraldo precisou ajudar um amigo, e desde então, o funcionário público doa sangue com frequência. "Enquanto eu tiver condições de saúde, não tenho por que parar", garantiu ele.
Brasil: Atualmente, são coletadas no Brasil 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8%. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da OMS, o Ministério da Saúde trabalha para chegar ao índice de 3%.
Com a expansão das idades mínima e máxima dos doadores, houve a abertura para 8,7 milhões novos voluntários.
Atualmente, 75% da coleta de sangue no país é feita na rede pública e 25%, na rede privada. Os hemocentros de todo o país terão 90 dias para se adequar às novas regras, que serão fiscalizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).