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Capital

Obras do PAC Lagoa impedem que idosas saiam de casa

Ana Maria Assis | 31/01/2011 09:27
Duas idosas que moram em frente à obra reclamam das dificuldades para sair de casa. (Foto: João Garrigó)
Duas idosas que moram em frente à obra reclamam das dificuldades para sair de casa. (Foto: João Garrigó)

Moradoras do Jardim Neblon dizem ter passado o Natal isoladas, sem poder sair de casa, por conta de obras na região.

Mery Sanches da Silva, de 77 anos, mora há 30 no bairro. Há 5 anos a sua irmã, Eva Canavarro da Silva, 80, mudou-se para a casa dela, para que “uma cuide da outra”, diz.

Na rua Salamanca, onde moram, há obras executadas com recursos federais - o PAC Lagoa. Especificamente no trecho em que está a casa de Mery, a execução é de responsabilidade do governo estadual. Até agora, as mudanças na avenida Beira Rio e também na rua de Mery e Eva não foram positivas para as duas idosas.

Aos 3 anos de idade, Eva perdeu o movimento das pernas por paralisia infantil, e se locomove com a ajuda da cadeira de rodas, o que ficou impossível agora, protesta.

Morando sozinhas, Mery era quem ajudava a irmã quando tinha que sair de casa para fazer algum tratamento. Eva conta que estava acostumada a “lidar com a cadeira”. No entanto, a quebra do asfalto para as obras impossibilita a passagem com carro na entrada da casa e ainda, não há como passar na via com a cadeira de rodas.

Para caminhar até a casa, elas mesmas improvisaram uma “trilha” de pedaços de pedras e tijolos, para que possam receber visitas. Ao longo da rua Salamanca o que era asfaltou está tomado por barro, devido ao monte de terra que foi espalhado pelo obra e depois encharcado com a chuva.

Moradores do Leblon cobram agilidade em obras do PAC/Lagoa. (Foto: João Garrigó)
Moradores do Leblon cobram agilidade em obras do PAC/Lagoa. (Foto: João Garrigó)

As duas viúvas reclamam, além da dificuldade da passagem, do mau cheiro que toma conta do lugar no final das tardes. Mery conta que no mês passado o esgoto “estourou” em frente a sua casa, e que a Águas Guariroba demorou mais de um mês para ir consertar, o que tinha agravado ainda mais o problema. Conforme as duas viúvas, a obra teve início ates do Natal, data em que elas não puderam visitar a família, pois estava chovendo. “Quando chove um pouco, já alaga tudo. No Natal não tinha como sair nem para comprar algo. Ficamos aqui sozinhas”, disse Mery.

Elas também contaram que em alguns pontos a água da chuva fica acumulada em frente a casa, o que atrai moscas e causa preocupação já que a saúde de Mery já está frágil. “Ela tem tumor no pâncreas e diabetes, se pegar dengue pode agravar ainda mais a sua saúde”, comentou a irmã. Para as moradoras, até agora a obra não trouxe nenhuma melhoria.

“Eu acho bom eles fazerem obras, o que eles acharem que é melhor para a cidade. Acho muito bom. Mas enquanto isso, poderiam fazer de uma forma que não tivéssemos tantos transtornos. Não tem ninguém trabalhando aqui, a obra está parada. Então se vai ficar assim por mais de um mês, que pelo menos colocassem um cascalho na rua, ou alguma coisa pra que a gente pudesse passar”, sugeriu Mery.

Poder Público - O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Seop (Secretaria de Obras Públicas e Transportes) e, em resposta, foi enviada matéria veiculada no dia 26 de janeiro sobre o andamento das obras. O governo assesgura que não há problemas no andamento.

Mesmo assim, conforme a Seop, as obras de urbanização do Projeto Buriti - Lagoa ganham “ritmo acelerado” já este mês, para que tudo seja concluído até o final do semestre. De acordo com a Seop, cerca de cinco novas equipes reforçarão o contingente que atua na concretização das obras.

Como a outra parte da obra é de responsabilidade da prefeitura, em contato com o secretário municipal de governo, Rodrigo Aquino, o compromisso foi o mesmo. “Até o final deste semestre a obra do PAC Lagoa estará totalmente concluída”, afirmou. O ritmo atual mais lento é atribuído ao tempo chuvoso.

Deficiente física, Eva, de 80 anos, não consegue passar com a cadeira de rodas em frente de casa para ir ao posto de saúde. (Foto: João Garrigó)
Deficiente física, Eva, de 80 anos, não consegue passar com a cadeira de rodas em frente de casa para ir ao posto de saúde. (Foto: João Garrigó)
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