Orfã de tragédia em Nova Jerusalém, menina é disputada por famílias
A tragédia do Bairro Nova Jerusalém deixou órfã uma menina de três anos, que virou alvo de disputa entre as famílias do policial militar Luciano Gomes Chamorro, 28 anos, e de Mayara Cristina da Silva, 22. Por volta das 12h10, desta quarta-feira (5), o policial matou a ex-mulher com dois tiros e se matou com um disparo de pistola calibre .40.
Com o crime, a pequena Karine se tornou símbolo da violência contra as mulheres, uma vez que sua mãe é a sétima vítima de violência contra a mulher neste ano em Campo Grande. Isso porque no período de janeiro até hoje foram registrados sete assassinatos, ante seis registrado nos 12 meses do ano passado. A violência também bate recorde na véspera da Lei Maria da Penha, criada para livrar mulheres da violência dentro de casa, completar oito anos em vigor.
O fato de Mayara ter sido vítima de violência doméstica foi confirmado pelo delegado da 4ª Delegacia de Polícia, Tiago Macedo dos Santos. O caso, inclusive, será investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Tragédia familiar - O casal, que conviveu junto por seis anos, estava separado há quatro meses. Por volta das 12h10 de hoje, o PM invadiu a casa da ex-mulher e deu início a mais uma briga. A menina só não presenciou a morte dos pais porque um dos tios, irmão de Mayara, entrou na casa e a retirou do local.
Pouco depois, Luciano pegou a pistola calibre .40 e efetuou dois disparos contra Mayara. Em seguida, disparou contra a própria a cabeça. Ambos morreram no local. Indignado com o crime, um dos irmãos da jovem jogou uma pedra no carro do policial.
A mãe do policial, Loenir Gomes de Arruda, 58, fez questão de ter por alguns momentos a neta nos braços. Ela chegou a discutir com a prima de Mayara, Tassiana da Silva, 26 anos, que apontava como motivo do crime o fato de processo judicial ter arbitrado pensão, de cerca de R$ 700, para a pequena Karina e garantindo a guarda para a jovem morta pelo ex-companheiro.
Após a perícia, no entanto, os ânimos se exaltaram pela guarda da filha do casal. Familiares de Luciano se achavam no direito de ficar com a órfã, enquanto parentes de Mayara exigiam que se cumprisse decisão judicial, favorável a guarda pela jovem morta pelo ex-companheiro.
Para Thiago Macedo, a decisão sobre a guarda deve ser decidida na Justiça. Até uma decisão, de acordo com o delegado, optou-se em deixar a menina de três anos com a família da mãe, com quem vivia e estava sob tutela.
No Facebook, o policial e Mayara demonstravam admiração e amor pela filha.