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Capital

Pai conta 297 dias da morte do filho e espera conclusão de inquérito

Mariana Lopes | 12/02/2014 17:51
Paulo quer saber a causa da morte do filho (Foto: Mariana Lopes)
Paulo quer saber a causa da morte do filho (Foto: Mariana Lopes)

“São 297 dias”, diz o representante comercial Paulo Sérgio de Oliveira, 62 anos. Esta a contagem desde quando ele recebeu a notícia de que o seu filho havia sofrido um ataque cardíaco e morrido. O desabafo vem seguido de olhos lacrimejados e silêncio, e ao mesmo tempo acompanhado por inúmeras perguntas que até hoje permanecem sem respostas.

Foi no dia 21 de abril de 2013. Na época, Rafael Guimarães de Oliveira tinha 20 anos e estava internado na Clínica Carandá, em Campo Grande, para fazer alguns exames antes de seguir para outra clínica, em Três Lagoas, onde passaria por um tratamento de reabilitação.

Mas, às 18h50, do dia 21 de abril de 2013, Paulo recebeu uma ligação na qual pediam para ele ir até a clínica buscar o corpo do seu filho. A partir daí, se deu início a uma sucessão de contradições.

Quando chegou à clínica, disseram que o corpo do jovem tinha sido encaminhado ao hospital Miguel Couto, porque o paciente havia tido uma parada cardíaca. Contudo, Paulo afirma que no hospital disseram que Rafael havia dado entrada na unidade com o corpo em estado de rigidez cadavérica.

Paulo diz que a clínica declarou que o jovem havia tentado suicídio. Porém, o pai do rapaz afirma que essa informação não foi confirmada no laudo médico do hospital, assim como a parada cardíaca também não.

“Ele não tinha motivo para querer se matar, foi ele quem procurou ajuda para se tratar, e tinha consciência de que podia sair da clínica a hora que quisesse”, pontua Paulo.

Segundo ele, caso Rafael quisesse ir embora, a clínica ligaria para o pai, que tinha 24 horas para ir buscá-lo, caso contrário, os médicos entregariam todos os pertences do paciente e o deixariam sair.

Mesmo isso estando em contrato, que Paulo guarda até hoje, ele garante que nenhum telefonema foi dado dizendo que Rafael queria ir embora. “Por sinal, em duas semanas que meu filho ficou internado lá, nunca me deixaram falar com ele”, ressalta.

Inquérito – No atestado médico consta “morte a esclarecer”. No laudo do IML (Instituto Médico Legal), que demorou 107 dias para ficar pronto, diz que a morte do rapaz foi causada por asfixia.

E depois de 297 dias, contados e marcados no calendário, um a um, Paulo diz que apenas quer uma resposta do que aconteceu com o filho dele e qual é a verdadeira causa da morte de Rafael.

Em quase 10 meses, a Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito e as investigações continuam. A reportagem procurou os delegados da 3ª Delegacia de Polícia Civil, que estão responsáveis pela investigação, mas não conseguiu contato.

Sentimento - Dos 297 dias que ficaram para trás, Paulo resume em "perda". "Eu levei meu filho até lá, confiante de que estava entregando ele ao lugar certo", lamenta o pai. Para ele, é preciso dar um basta à impunidade.

"Lá dentro há jovens com quem pode acontecer o mesmo que aconteceu com o Rafael, e perder um filho é duro, ter de enterrá-lo é muito triste", desabafa Paulo, que hoje vive entre a esperança pela justiça e a angústia da demora do inquérito.

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