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Capital

Para acadêmicos, nada justifica ação policial com uso de gás lacrimogêneo

Aline dos Santos e Adriano Fernandes | 21/03/2015 15:24
Tumulto aconteceu perto de bares no entorno da UFMS. (Foto: Direto das Ruas)
Tumulto aconteceu perto de bares no entorno da UFMS. (Foto: Direto das Ruas)

Uma ação sem espaço para diálogo e injustificável. Desta forma acadêmicos descrevem a atuação, na noite de ontem, do BPChoque (Batalhão de Policiamento de Choque) nos bares que ficam no entorno da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande.

Mais de 300 pessoas estavam em dois bares na rua Trindade. Conforme o acadêmico do 2º semestre de psicologia, Ítalo Diego, 19 anos, era reunião das atléticas (diretorias organizadas) de cursos. A turma de psicologia se reuniu no bar Lunáticos, chamado de Batata pelos acadêmicos; enquanto a atlética das engenharia foi para o bar Escobar.

Conforme o estudante, a polícia chegou por volta das 19h30 e bloqueou a rua que liga a UFMS aos bairros. “Fui falar com os policiais e falaram que era para dispersar, para o povo sair da rua”, conta. Ele relata que logo que virou as costas, foi lançada a primeira bomba de gás lacrimogêneo. Em seguida vieram outras. “Foi uma correria, estudantes passando mal, alguns caíram”, recorda.

Segundo Ítalo, as reuniões são feitas sempre às sextas-feiras e nunca houve intervenção similar da policia.

Estudante de artes visuais, Daniele Santana, 21 anos, conta que buscou refúgio dentro do bar Lunáticos para escapar das bombas. Ela afirma que viu um jovem ser levado pela polícia e outro teve o celular jogado por filmar ação. “Tiraram o chip e jogaram o celular fora. Teve aluno que caiu, se machucou”, diz.

Uma acadêmica do curso de psicologia, que pediu para não ter nome divulgado, relata que ficou meia hora dentro do Lunáticos esperando passar o efeito do gás lacrimogêneo. Todos os ouvidos pela reportagem afirmaram que não estavam na rua, mas perto do meio-fio.

Oficial - A Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) divulgou nota à imprensa sobre a ação e informou que um dos estabelecimentos não possui os alvarás de funcionamento exigidos e nem autorização para utilizar equipamento de som.

No meio da confusão, estudantes procuraram refugio em bar. (Foto: Simão Nogueira)
No meio da confusão, estudantes procuraram refugio em bar. (Foto: Simão Nogueira)

Na nota, a Sejusp aponta que vizinhos denunciaram o som alto e a aglomeração fechando a rua. “O Comando-Geral da Polícia Militar enviou ao local uma viatura, com quatro policiais, que conversaram com os proprietários do estabelecimento, solicitando o desligamento do som e também o fechamento do bar, naquele momento, por conta da inexistência de alvarás. Os comerciantes se recusaram e as pessoas que estavam no local, em sua maioria universitários, ainda hostilizaram a guarnição e tentaram intimidar a polícia”, diz o documento.

Em seguida, foi solicitado o apoio do BPChoque, que também tentou negociação. “Visando garantir a ordem, o direito de ir e vir de terceiros, bem como o sossego e a tranquilidade dos vizinhos, foi determinado o uso progressivo da força, imprescindível em situações de crise, com o emprego do gás de pimenta para dispersar a multidão”, informa a nota.

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