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Capital

Para acusação, laudo desmonta tese que policial matou colega com tiro acidental

Aline dos Santos | 05/08/2011 12:39
Cleidival enfrenta júri popular nesta sexta-feira. (Foto: João Garrigó)
Cleidival enfrenta júri popular nesta sexta-feira. (Foto: João Garrigó)

Com base nos laudos do exame de balística, a acusação rebate a tese de que a policial Elaine Yamazaki, de 35 anos, foi morta pelo colega, o também policial civil Cleidival Antônio Vasques Bueno, com um tiro acidental.

Na versão de Cleidival, a pistola ponto 40 escorregou do painel do carro, onde os dois conversavam, e disparou. Portanto, o tiro partiu de baixo para cima. Já o promotor Douglas Oldegardo dos Santos aponta que o disparo que matou Elaine foi feito de cima para baixo, a 15 centímetros de seu nariz.

Com fotos da perícia e simulação da cena do crime, ele descreveu aos jurados – cinco homens e duas mulheres – que o projétil atingiu a narina esquerda e se alojou na base do crânio. Nesta versão, ela foi morta olhando para o autor, que estava sentado no lado do passageiro.

O promotor comparou o projétil a um cometa, atrás da bala vem uma “cauda” de sujidade, que chega ao alvo com menor velocidade e deixa um esfumaçamento no trajeto. Esses vestígios foram encontrados no lado direito do nariz de Elaine, contribuindo para apontar a trajetória do tiro.

Enquanto a defesa pede que o crime seja reclassificado como culposo (sem intenção), com pena máxima de até três anos, a acusação insiste em homicídio doloso, agravados por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, com pena que pode chegar a 30 anos.

Ciúmes - O crime foi reconstituído com 24 horas de antecedência pela promotoria. No dia 12 de março de 2009, às 7h30, Cleidival, amante da policial, viu um depoimento no Orkut em que a beleza de Elaine era elogiada. O recado estava aberto no computador que a vítima usava no serviço.

A situação teria provocado uma discussão e os dois, que trabalhavam na Deam (Delegacia da Mulher), ficaram em local separado. Até então, eles dividiam a sala. No decorrer do dia, almoçaram juntos e ele a deixou em casa.

Conforme a acusação, Cleidival disse que estava confuso e não voltou a falar sobre o assunto porque Elaine estava estressada com outros problemas. À noite, ela ligou duas vezes para o celular dele, que não atendeu. Mas, em seguida, foi até a faculdade Estácio de Sá, onde ela cursava Direito.

Na versão da promotoria, ele, atormentado por ciúmes, seguiu Elaine de moto e insistiu para conversar. “O acusado fala que ela estacionou o carro. Mas a perícia mostra que a parte dianteira do veículo estava a 55 centímetros do meio fio e a traseira a 110 centímetros. Esta mulher não estacionou o veículo calmamente para conversar”, afirma o promotor.

Outro ponto questionado pela acusação foi o fato de Cleidival ter dito que, no momento do disparo acidental, Elaine mexia no rádio do carro, em busca de uma música no CD evangélico que ele lhe deu de presente. Foram mostradas fotos em que o painel do carro está sem a parte de frente do rádio, que foi encontrada debaixo do banco.

Elaine foi encontrada morta na manhã do dia 13 de março. O seu carro, um Fiesta, estava na rua 1º de Julho, próximo à avenida Salgado Filho. Cleidival está em liberdade desde agosto de 2009, após obter um habeas corpus no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Defendido por Renê Siufi, ele declarou aos jurados que gostava muito da vítima e reforçou que o disparo foi acidental.

"Ele falava que era como mãe dele", afirma mãe de Elaine. (Foto: João Garrigó)
"Ele falava que era como mãe dele", afirma mãe de Elaine. (Foto: João Garrigó)

Dor – As fotos da cena do crime levaram a mãe de Elaine, Maria Granja Olanda Viana, de 65 anos, às lágrimas. “Ele ia à minha casa, falava que era como mãe dele. Como pode fazer isso”, se pergunta. Além de Elaine, ela tem mais outros seis filhos.

Marido da vítima, Wilson Yamazaki diz que o casal vivia bem e que a esposa nunca falou em separação. Ele descobriu a traição após a morte de Elaine. O julgamento do policial acontece hoje na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande.

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