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Capital

Para não morrer de frio, andarilhos trocam as ruas por teto de abrigo

Aline dos Santos | 23/07/2013 14:31
Casa de apoio oferece almoço para quem vem só de passagem. Quem quiser, pode morar no local. (Foto: Pedro Peralta)
Casa de apoio oferece almoço para quem vem só de passagem. Quem quiser, pode morar no local. (Foto: Pedro Peralta)

Não importa se a temperatura é de 13ºC ou perto de zero, Vanderlei Alves da Silva, 47 anos, só conta com uma jaqueta e uma camisa para enfrentar o frio. Hoje, dia mais gelado do ano em Campo Grande, teve que recorrer à Casa de Apoio aos Moradores de Rua São Francisco de Assis, no bairro de Estrela do Sul, para, literalmente, não congelar. “Durmo em uma varanda toda aberta. Mas, ontem, vim pra cá”, conta Vanderlei. Ele trocou o colchão e um cobertor pelo teto do abrigo.

De acordo com a coordenadora Maria Luiza Serrou, ontem, ao todo, quatro moradores de rua procuraram o local. No entanto, ao contrário dos 35 homens que, atualmente, moram na casa de apoio, logo pela manhã tomaram o rumo do portão. “Eles vieram jantar. Fiquei com dó e perguntei se não queriam ficar para dormir”, relata Maria Luiza.

O trabalho é mesmo de convencimento. Como ela garantiu que não precisavam ficar o restante do dia, eles aceitaram. “Não querem sair da rua, já virou opção de vida”, diz a coordenadora da casa de apoio que funciona há 15 anos na cidade.

Na hora do almoço, Vanderlei voltou para garantir um prato de comida quentinha e recarregar o celular. “É daqueles que custa no máximo R$ 70. É velho e o pessoal dá”, garante.

Na mesma mesa, está Miguel Ângelo Arguelho Vera, de 45 anos. Ele conta que passou a madrugada, que registrou sensação térmica de -3ºC, na avenida Afonso Pena. “Foi um pouquinho frio”, conta o homem que mora nas calçadas desde os 15 anos. “Ando por aí há 30 anos, já conheço um bando de lugar”, diz, enquanto, rapidamente, junta os pertences, passa as alças de uma mala nos braços e vai se embora.

Miguel passou a noite na calçada e logo voltou para as ruas. (Foto: Pedro Peralta)
Miguel passou a noite na calçada e logo voltou para as ruas. (Foto: Pedro Peralta)

Depois de anos nas ruas, Jorge Aparecido da Silva, de 52 anos, sabe há um mês o que é ter a proteção de quatro paredes.

“Aqui é bom demais. Tem o teto, comida. Na rua, o frio vem sem avisar”, diz. Ele, que passa por tratamento médico, enfrentava o frio desta terça-feira com casacos, gorro e cachecol.

A massa de ar polar que chegou ontem a Mato Grosso do Sul deve derrubar as temperaturas pelo menos até a quinta-feira. Em seis cidades do interior , ocorreu a chuva congelada, que chegou a ser confundida com neve. Na Capital, a sensação térmica é de -3º C.

Solidariedade – A Casa de Apoio São Francisco de Assis oferece quartos, tratamento médico e psicológico, assistência religiosa e alfabetização. No dia 4 de agosto, será comemorado o aniversário de 16 anos.

A festa será solidária. Na data, das 11h30 às 13h30, acontecerá um almoço no salão paroquial da igreja São Francisco. O convite custa R$ 20 e é preciso levar pratos e talheres. Criança de até 7 anos não paga.

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