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Capital

Para promotor, defesa cria fábula e crime é maior escândalo político de MS

Aline dos Santos e Nadyenka Castro | 24/02/2012 14:19

“Um prefeito mandou matar o presidente da Câmara em conluio com os vereadores”, enfatiza acusação

Para promotor, crime foi encomendado por motivo político. (Foto: Marlon Ganassin)
Para promotor, crime foi encomendado por motivo político. (Foto: Marlon Ganassin)

Sai de cena a tese de vingança por ter sofrido humilhação para dar lugar a um crime de pistolagem, encomendado por motivo político. Esta foi a tônica da acusação no julgamento pelo assassinato do então vereador da Câmara Municipal de Alcinópolis, Carlos Antônio da Costa Carneiro, morto em 26 de outubro de 2010, em Campo Grande.

Hoje, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, estão no banco dos réus o pistoleiro Irineu Maciel, preso logo após o crime, e Valdemir Vansan, apontado como contratante da execução. Para o promotor Douglas dos Santos, a versão do pistoleiro, de que passou a planejar a morte do vereador por ter sido maltratado e chamado de vagabundo, é uma fábula, ou seja, uma história fantasiosa.

Logo após o crime, quando foi preso por policiais civis que passavam pela avenida Afonso Pena, próximo ao Hotel Vale Verde, Irineu disse que a morte foi encomendada e receberia R$ 20 mil. Contudo, mudou a versão diante do juiz desde a primeira audiência. Conforme a defesa, ele sofreu tortura e acabou confessando.

“A história contada aqui é uma verdadeira fábula, com criatividade de uma criança e malícia das mais inconfessáveis. Tudo foi montado para salvar o mandante. Ninguém aqui está preocupado com o Irineu Maciel”, afirma o promotor.

No depoimento, o pistoleiro disse que não tinha dinheiro para se hospedar em Alcinópolis e chegou a ficar escondido no mato. Contudo, conforme a acusação, ele foi pelo menos três vezes à cidade. Na pensão, pagava os R$ 15 da diária antecipadamente e pedia para ninguém entrar em seu quarto, nem mesmo para limpeza.

Ele foi visto à noite em Alcinópolis no dia anterior ao crime. Segundo testemunhas, Irineu e outros três homens circularam pela cidade em uma Hilux Prata. Para o promotor, o crime foi não cometido lá por dificuldade na rota de fuga.

Também há divergência quanto à obtenção do revólver calibre 38 usado no crime. Na primeira versão, Irineu disse que recebeu a arma, junto com R$ 3 mil, do cunhado Valdemir Vansan. A ordem era para “fazer” uma pessoa. Hoje, o pistoleiro disse que comprou o revólver na Pedra, ponto conhecido em Campo Grande por revender veículos.

Outro ponto conflitante é o fato de Irineu ter dito que ligou de um orelhão para marcar uma reunião com Antônio Carlos em Campo Grande. O assunto era a instalação de um laticínio em Alcinópolis. Já o promotor avalia que o acusado não teria articulação para convencer a vítima.

Escândalo – Aos jurados, Douglas dos Santos reforçou a tese de crime por disputa política. “O ponto aqui hoje é o maior escândalo político de Mato Grosso do Sul. Um prefeito mandou matar o presidente da Câmara em conluio com os vereadores”, enfatiza.

Em julho do ano passado foram presos o prefeito de Alcinópolis, Manoel Nunes da Silva (PR), os vereadores Valter Roniz (PR), Enio Queiroz (PR) e Valdeci Lima (PSDB), o comerciante Ademir Luiz Muller e a funcionária da prefeitura Jurdete Marques de Brito.

À época, a Polícia afirmou que as novas prisões eram para identificar o mandante do crime. A justiça aceitou denúncia contra os vereadores, que vão responder pelo crime e podem ir a júri popular.

O prefeito afastado Manoel Nunes da Silva tem direito a foro privilegiado e só pode ser processado pelo TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). O tribunal aceitou a denúncia, mas a defesa do prefeito recorreu. O comando de Alcinópolis foi assumido pelo vice-prefeito Alcino Carneiro, pai do vereador morto.

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