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Capital

Pedreiro nega cárcere e diz que mulher levava tombos "ao lavar a casa"

Edivaldo Bitencourt e Graziela Rezende | 20/12/2013 11:36
Suspeito nega agressões a esposa e filhos. Foto: Graziela Rezende
Suspeito nega agressões a esposa e filhos. Foto: Graziela Rezende

O servente de pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 58 anos, negou ter agredido e mantido a esposa, Cira da Silva, 44, em regime de cárcere privado há 22 anos. Os filhos de 15, 13, 7 e 5 anos também sofriam nas mãos do pai. Além de fazer declarações de amor à esposa, ele disse que a esposa se machucou ao limpar a causa e sofrer ataques epiléticos.

Preso na 4ª Delegacia de Polícia, nas Moreninhas, o pedreiro disse que a mulher tinha manchas roxas em todo o corpo porque “costumava levar tombos ao limpar a casa”. “Ela jogava muito sabão no chão”, justificou-se.

Sobre a mancha nas nádegas da esposa, ele tem outra versão. “Ela caiu da cama, é gorda demais”, relatou, mantendo-se sereno e calmo durante toda a entrevista. E ainda atribuiu outras marcas aos supostos ataques epiléticos da mulher.

Conforme a Polícia, Ângelo usava pedaços de pau e cabos de vassoura para bater na esposa e nos quatro filhos. Uma das crianças, teve o braço quebrado quando tinha três anos. Outro de cinco anos teve a cabeça batida no aparelho de TV porque assistia televisão fora do horário permitido.

Ontem, Cira atribuiu a Deus a libertação do cárcere privado após 22 anos. Ela contou que nem resmungava com medo de apanhar do marido. “Era um pesadelo, terrível”, contou. Os filhos confirmaram a versão da mãe e ressaltaram que tinham medo do pai.

Amor – Já Ângelo não só negou a versão da família, que chocou o País, como fez declarações apaixonadas à mulher. “Eu amo muito ela. Ela é o amor da minha vida. Quero ela de volta”, afirmou na manhã desta sexta-feira.

Por outro lado, o pedreiro mostrou-se preocupado, em mais de uma situação, com o risco de perder os móveis na casa. Ele contou que comprou em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil nas Casas Bahia.

“Tá tudo abandonado, vou perder minhas coisas”, revelou. Ele contou que planejava reformar a casa para o Natal como 13º, resultado do trabalho há um ano e dois meses em uma empresa da construção civil.

Conhecido como Negão, ele conta que o maior objetivo, agora, é voltar a ter a família de volta. E até mandou um abraço para o sogro, Adão da Silva, que tentou separar o casal há 15 anos. O aposentado contou que sabia das agressões e do cárcere, mas a filha insistiu em continuar casada há 15 anos. Ele se emocionou ao ver os netos, ontem à tarde, pela primeira vez na vida.

“Não tenho rancor, foi bom ela morar com o meu sogro”, contou Ângelo, sobre a proposta do aposentado da filha e dos quatro netos irem morar com ele no bairro São Francisco.

Políticos – Esperto e calmo, Negão até citou os políticos para defender a política de privacidade. “Tem políticos aí que têm muro de cinco metros de altura e ninguém faz nada, ninguém reclama”, contou.

“O muro alto é para manter minha privacidade”, justificou-se. Segundo a delegada Rosely Molina, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, ele colocou até um espelho no portão para evitar a entrada de estranhos na residência.

No entanto, Ângelo voltou a negar o cárcere privado. Ele disse que a mulher saia para buscar o boletim dos filhos na escola e fazer compras. “Essa história de cárcere é um mal entendido”, disse.

Ele deverá ser indiciado por três tipos de crime e poderá ser condenado a mais de 10 anos de reclusão.

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