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Capital

Pesquisa inédita revela que 35% do território de Campo Grande está vazio

Trabalho é o primeiro a investigar em detalhes a desocupação dos terrenos da cidade e contou com parceria do poder público e mercado imobiliário

Chloé Pinheiro | 14/09/2016 12:51
Áreas marrons correspondem às regiões com menos de 25% de ocupação na cidade. (Foto: Relatório UFMS)
Áreas marrons correspondem às regiões com menos de 25% de ocupação na cidade. (Foto: Relatório UFMS)

Dos 35 mil hectares que compõem o perímetro urbano de Campo Grande, 35,54%, ou uma área equivalente a 12 mil campos de futebol, corresponde aos chamados vazios urbanos. O dado foi revelado pelo relatório final sobre os vazios urbanos da cidade, elaborado pelo Observatório de Arquitetura e Urbanismo da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) e apresentado na manhã dessa quarta-feira (14).

O trabalho, que exigiu dois anos de pesquisa, é o primeiro a medir oficialmente a extensão dos vazios e, mais do que isso, pode solucionar pontos como a distribuição populacional, o uso de áreas públicas e as medidas para ocupação dos espaços particulares.

“Daria para abrigar 2 milhões de pessoas somente nos vazios dos terrenos particulares”, aponta Ângelo Arruda, arquiteto e professor da UFMS e um dos coordenadores do projeto. Essas áreas privadas sem uso são 25,7% do território da capital, enquanto as públicas respondem por 11,8%.

E o problema da falta de uso não está restrito aos bairros mais afastados ou a uma faixa de renda da população. Aliás, pelo contrário. Enquanto 79% da área do Jardim Los Angeles, região periférica, está vazia, no Bela Vista, uma das áreas mais abastadas da cidade, há também a maior porção de terrenos particulares desocupados ou pouco utilizados da capital, 32,5%.

No geral, a região do Imbirussu, que um dia foi passagem para os boiadeiros entre Campo Grande e a saída para o Pantanal e depois se urbanizou a partir dos quartéis militares que se instalaram na região a partir de 1920, há o maior índice de terrenos onde há 0% de ocupação. 38% da área, que abrange locais como o Aeroporto e a sede do Comando Militar do Oeste, é vazia. 

Ângelo Arruda apresenta os destaques do trabalho nesta quarta-feira (12). (Foto: Chloé Pinheiro)
Ângelo Arruda apresenta os destaques do trabalho nesta quarta-feira (12). (Foto: Chloé Pinheiro)

Uma área vazia não quer dizer, necessariamente, desperdício. “O sítio urbano de Campo Grande é um local delicado, são 33 córregos, então o uso do vazio tem que ser considerados não só como locais para adensamento, mas alguns vazios devem permanecer para servir de depósito e captação das águas fluviais e para evitar as enchentes”, opina Dirceu Peters, presidente do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano).

Mesmo assim, repensar a distribuição desse imenso “nada” é fundamental para que não só Campo Grande se desenvolva adequadamente, mas seus cidadãos também vivam melhor. Nesse sentido, o trabalho é fundamental em um momento como esse, de revisão do Plano Diretor, que dá diretrizes para o planejamento urbano para os próximos dez anos.

“Se você tem uma política que incentiva o uso desses vazios e proíba a ampliação de perímetro urbano para que cresça para dentro a cidade, isso reflete nos moradores, porque se há distâncias muito grandes entre um bairro e outro, a coleta de lixo é afetada, a tarifa de ônibus, e isso pesa no bolso da população”, disse Marcos Augusto Netto, presidente do Secovi-MS (Sindicato da Habitação do Mato Grosso do Sul), uma das entidades que apoiou o relatório.

No total, são 16 mapas de cada uma das sete regiões urbanas da capital onde os vazios urbanos são destrinchados e comparados com a distribuição de infraestrutura, os rios e córregos, o transporte urbano e a densidade populacional, entre outros. Todos foram disponibilizados online e podem ser consultados no site do Observatório.

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