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Capital

Pneus a céu aberto apavoram vizinhos de empresa recicladora

Luciana Brazil | 17/12/2012 10:47
Chegam na empresa mais de 30 toneladas por dia. (Fotos:Luciano Muta)
Chegam na empresa mais de 30 toneladas por dia. (Fotos:Luciano Muta)
A demanda faz com que os pneus fiquem à céu aberto.
A demanda faz com que os pneus fiquem à céu aberto.

A imagem diz tudo. Basta olhar e o medo da dengue vem logo à mente. Pneus amontoados a céu aberto, acumulando água da chuva, têm apavorado os moradores do bairro Jardim Campo Verde, em Campo Grande.

O material faz parte da demanda diária de mais de 30 toneladas que chegam à empresa Ecopneu, o ecoponto da Capital responsável por fazer a coleta e destinação correta dos produtos depois de usados.

Porém, a grande quantidade de pneus está jogada longe da cobertura, fora do barracão, se tornando um criadouro "perfeito" do mosquito da dengue, como definem os vizinhos. Os pernilongos se tornaram moradores da região.

A reportagem do Campo Grande News recebeu uma denúncia dos moradores e foi até o local averiguar o caso.

“É tanto mosquito na minha casa que forma até nuvem. Quando está anoitecendo é um horror. Tenho dois filhos pequenos e estou apavorada”, contou uma moradora do bairro que preferiu não se identificar.

Segundo os vizinhos da empresa, nem mesmo o ventilador tem resolvido o problema. “É um absurdo. Isso aqui não é uma favela, é um bairro. Queremos dignidade para morar”, disparou outra moradora.

A Ecopneu Reciclagem de Pneus Ltda, aberta em 2006, possui contrato com a prefeitura para a coleta e destinação final dos pneus inservíveis dos 450 pontos distribuídos pela cidade, como borracharias, revendas de pneus, grandes transportadoras, ressoladoras, entre outros.

Porém, aos poucos novos convênios foram sendo agregados à lista do empreendimento e hoje a empresa recebe também material do interior do Estado, o que aumentou vertiginosamente a quantidade de pneus. Sem local para guarda-los, eles passaram a ficar a céu aberto.

Gerente lembra que a empresa não quer trazer problemas para a comunidade.
Gerente lembra que a empresa não quer trazer problemas para a comunidade.

O gerente da empresa Maurício Virgili Mendes explica que apesar da ausência de um espaço correto para a aglutinação dos pneus, a Prefeitura, por meio da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) pediu que o trabalho continuasse a ser feito, com algumas ressalvas.

“Eles disseram que não tinham condições de construir um novo barracão e pediram que eu continuasse a receber os pneus, mas para isso eles disponibilizaram dois funcionários da Sesau que fariam a borrifação do veneno contra o mosquito, diariamente”.

Mas segundo o próprio funcionário da Sesau, que trabalha na empresa e teve a identidade preservada, falta um agente permanente que faça a borrifação do veneno mais de uma vez ao dia. "Quando eu entrei tinha uma pessoa que jogava o veneno duas vezes ao dia, mas agora só vem uma vez por dia, mas ontem, por exemplo, ele não veio e eu só tiro a água dos pneus."

O agente de sáude afirmou que a ação da Sesau não tem evitado a proliferação dos mosquitos, mesmo quando havia o outro funcionário. Ele ainda afirmou que só consegue retirar água de cerca de 100 pneus por dia, número bem inferior a demanda diária que chega à empresa.

Mendes frisou que desde o início ja tinha avisado a secretaria sobre a interrupção dos serviços, caso houvesse reclamações ou problemas.

"A partir de hoje, não vamos mais receber os pneus de outros lugares. Vamos cuidar apenas da nossa demanda. Não sabíamos que estava dando problema. Não condiz com empresa este tipo de atitude. Serão tomadas as medidas cabíveis".

A construção de um novo barracão para abrigar os pneus, seria, segundo Marcelo, inviável para a empresa. "Só vamos continuar o trabalho se houver solução. Senão, não vamos mais receber pneus do Estado e do município".

O chefe de serviço de Controle de Vetores do CCZ (Centro de Controle Zoonose) Alcides Ferreira informou que a empresa deverá triturar os pneus que estão à céu aberto dentro de 15 dias, no máximo, ou colocá-los em um barracão. O problema é grave, conforme Alcides, e deve ser resolvido com urgência.

Alcides, na ocasião, afirmou que um agente de saúde visitaria a comunidade diariamente para borrifar o veneno, até que o problema seja resolvido.

No dia 12, uma semana após a reportagem ir até o local, as moradores confirmaram a ida do funcionário da Sesau ao bairro, mas disseram que os mosquitos continuam no local."Eles vieram e borrifaram", afirmaram. O prazo para que o problema seja resolvido expira no dia 19, quando a reportagem irá verificar se houve ou não resolução.

Segundo Marcelo, estão estocados na empresa cerca de 800 toneladas de pneus.

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