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Capital

Polícia prorroga inquérito de morte em cela e família suspeita de tortura

Aline dos Santos | 09/07/2016 08:51
José Carlos  entregou fotos do corpo do filho para o delegado. (Foto: Alcides Neto)
José Carlos entregou fotos do corpo do filho para o delegado. (Foto: Alcides Neto)

Com um laudo que aponta suicídio nas mãos, a família de Guilherme Gonçalves Barcelos, 31 anos, preso numa investigação de duplo homicídio e encontrado morto numa cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros), suspeita de tortura e pediu que profissionais legistas analisem fotografias do corpo.

Segundo José Carlos de Barcelos, 54 anos, pai de Guilherme, as fotos foram entregues na terça-feira (dia 5) ao titular da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), delegado Rodrigo Yassaka, responsável pelo inquérito. “O delegado vai prorrogar o prazo e pedir mais informações para o legista”, afirma o pai, que mora em Caracol, a 364 km de Campo Grande.

Ontem, o delegado confirmou à reportagem que pediu a prorrogação do inquérito, mas não quis comentar a suspeita da família. “Não falo nada sobre isso”, diz.

O laudo da pericia aponta que o ocorrido na cela é compatível com suicídio. Guilherme teria amarrado a calça jeans na grade e se enforcado. Segundo o documento, a cela tem 2m10 de altura a partir do piso e o rapaz tinha 1m67.

A família não acredita na versão de suicídio, mas, por falta de recursos, não pretende contratar uma perícia extraoficial. “Se tivesse condições financeira, levaria adiante, mas não tenho”, afirma José Carlos. O registro fotográfico do jovem no caixão foi feito pela família e mostra hematomas nas têmporas e na testa.

Guilherme, que morava em Bela Vista, foi preso em 24 de maio num hotel de Campo Grande. A prisão foi em investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios) sobre os assassinatos do policial civil Anderson Celin Gonçalves da Silva e do servidor Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o Betão, apontado como pistoleiro.

Conforme a Polícia Civil, Guilherme parecia estar fora de si e tentou reagir. Depois, se negou a dar informações, sob alegação de que colocaria sua vida e da família em risco. Ele foi encontrado morto no dia seguinte.

A comunicação da prisão de Guilherme, encaminhada ao juiz de plantão na Capital no dia 25 de maio, informa que ele teria indicado que outro suspeito no caso estaria em Campo Grande, mas não revelou o hotel.

A família admite a amizade entre o preso e Oscar Ferreira Neto, que teve mandado de prisão deferido na investigação do duplo homicídio, mas nega que Guilherme estivesse em fuga ou tivesse conhecimento do mandado de prisão. Ainda de acordo com José Carlos, não foi informado qual a participação do filho no duplo homicídio.

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